segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Invasão de APP dá um milhão de reais de multa.

RB AMBIENTAL
Posted: 22 Feb 2016 06:11 AM PST
TJDF condena família Amaral por dano ambiental na orla do Lago Paranoá

Eles invadiram 19 mil m² de APP, diz MP; pena é de pagamento de 1 milhão. Herdeiros de Dalmo Amaral, que morreu em 2014, devem pagar dívida. 



O Tribunal de Justiça do Distrito Federal manteve a condenação por danos ambientais ao empresário de transporte Dalmo Josué do Amaral e da mulher dele, Ana Amância do Amaral. A Corte decidiu que eles devem pagar R$ 1 milhão para reparar danos em área pública na orla Lago Paranoá. Como Dalmo morreu no ano passado, os herdeiros dele passaram a responder pela condenação. 

A denúncia foi feita pelo Ministério Público em 2004. Segundo o órgão, a família causou danos na QL 8 do Lago Sul, onde ocupou cerca de 19 mil m² além do lote da propriedade, sem autorização. Na invasão, eles construíram garagens, guaritas, heliponto, salão de festas, quadra de tênis, capela, viveiros, quadras, campo de futebol, sauna, banheiro e três decks.

O MP pediu que eles pagassem danos morais coletivos no valor de R$ 1 milhão, danos patrimoniais avaliados em R$ 110 mil e que recuperassem a área degrada. O órgão também pediu pagamento de multa de R$ 2 mil até R$ 300 mil por dia caso descumprissem a ordem de desocupar o local e propor ação para recuperar a área.

O empresário Dalmo José do Amaral, ex-presidente do Grupo Amaral, morreu em setembro de 2014 de causas naturais. A empresa dele explorou durante 40 anos o serviço de transporte público do DF.

Ele passou 30 dias internado para tratamento em São Paulo, no Albert Einstein, antes de retornar a Brasília. Dalmo Amaral era natural de Patos de Minas (MG) e chegou a Brasília em 1959. O grupo que dirigia chegou a ter 30 empresas – 15 delas do setor de transporte rodoviário – e 5 mil funcionários.

Fonte: G1 DF.


Governo cria programa para incentivar uso de parques em Brasília

RB AMBIENTAL



Posted: 22 Feb 2016 06:21 AM PST
Foram selecionadas 12 áreas verdes para receber atividades destinadas à população


A população do Distrito Federal terá mais motivos para frequentar os parques da capital. O governo criou, por meio do Decreto nº 37.115/2016, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal - DODF de terça-feira (16/02), o programa Brasília nos Parques, que tem a finalidade de incentivar, por meio de atividades gratuitas, o uso público das áreas verdes. 

A ação será coordenada por um comitê gestor, composto por 11 órgãos governamentais, que vai definir a programação. A ideia é traçar um cronograma e uma lista de iniciativas que atendam às características de cada parque.

O colegiado, com a coordenação da Secretaria do Meio Ambiente, será criado oficialmente por meio de portaria, depois de escolhidos dois representantes de cada órgão. O prazo será de até 30 dias para definir os nomes do grupo.

O programa começou a ser desenvolvido no ano passado. “Esperamos criar uma sensação de pertencimento nos moradores”, resumiu o secretário do Meio Ambiente, André Lima, ao explicar que o objetivo também é incentivar os moradores a ter mais cuidado com os espaços, desenvolvendo hábitos sustentáveis.

Segundo ele, a princípio, foram destacadas 12 unidades para integrar as ações, e a expectativa é que as primeiras ocorram em abril, como feiras de artesanato, shows e oficinas de esportes.

Plano anual
O decreto determina que o grupo gestor tenha até 30 de março de cada ano para aprovar um plano de ativid:ades e serviços públicos. Além disso, um relatório semestral deverá ser apresentado ao governador Rodrigo Rollemberg, com a indicação do que foi desenvolvido e do que está previsto. O documento será publicado no site da Secretaria do Meio Ambiente.

O comitê gestor vai ser composto pelo Instituto Brasília Ambiental e pelas Secretarias do Meio Ambiente; de Cultura; de Educação, Esporte e Lazer; de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo; de Saúde; da Segurança Pública e da Paz Social; da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos; de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude; e de Justiça e Cidadania.

Os 12 parques selecionados são Dom Bosco, no Lago Sul; o de Uso Múltiplo de Olhos D'Água, na Asa Norte; de Águas Claras; Recreativo de Sucupira, em Planaltina; dos Jequitibás, em Sobradinho; Saburo Onoyama e de Uso Múltiplo do Cortado, em Taguatinga; Ezechias Heringer, no Guará; Três Meninas, em Samambaia; Veredinha, em Brazlândia; Urbano e Vivencial do Gama; Parque Recreativo do Setor O, em Ceilândia.

Fonte: Agência Brasília

Poluição: Uma nova economia do plástico é urgente

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

19:59 | Postado por Carol Strelau | | 

Poluição: Uma nova economia do plástico é urgente. Entrevista especial com Reinaldo Dias


“No mundo todo, mais de 70% do plástico produzido é depositado em aterros ou lançado em cursos d’água”, alerta o professor e especialista em Ciências Ambientais.

A poluição provocada pelo descarte inadequado do excedente gerado pela lógica do consumo exacerbado, inerente ao sistema capitalista, que alimenta a obsolescência e incentiva a substituição incessante de bens de todo tipo, é um problema conhecido. As consequências desse comportamento também são sabidas, porém ele continua recorrente. A situação se agrava quando ao examinamos o material do qual é formada a maior parte desses produtos descartados: o plástico. Pesquisas revelam que as diversas formas assumidas pelo plástico, seja a presente em garrafas PET ou nas fraldas descartáveis, levam cerca de 450 anos para se decompor na natureza. O pior é que a maior parte de todo o plástico produzido no mundo não é reutilizada e é descartada de forma inadequada, poluindo aterra e principalmente a água, tanto rios como oceanos.

Em entrevista por e-mail à IHU On-Line, o professor e especialista em Ciências Ambientais, Reinaldo Dias, chama a atenção para os dados divulgados recentemente pelo relatório “A nova economia do plástico: repensando o futuro”, elaborado pela Consultoria McKinsey & Co. e a Organização Não Governamental Ocean Conservancy e apresentado neste ano no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Para o pesquisador, o estudo é “um alerta para a humanidade de que estamos inviabilizando a vida marinha, sua diversidade e o enorme potencial que os oceanos possuem de produzir alimentos que amenizariam o problema da fome no mundo”.

Segundo o professor, atualmente “há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço e que contêm cerca de 90% de resíduos plásticos. A ilha de lixo situada entre o Havaí e a Califórnia tem uma extensão de 1,4 milhão de km2. A mancha menos conhecida é a do Oceano Índico, mas acredita-se que é enorme, podendo chegar a uma extensão de 5 milhões de km2”.

O Brasil, através da Lei 12.305/2010 busca regulamentar a questão do descarte de lixo instituindo a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Porém, da mesma forma que outras tantas leis no país, tais normas não são cumpridas. Dias aponta que “a lei havia dado prazo até agosto de 2014 para que as cidades acabassem com os lixões e aterros sem condições técnicas, no entanto até hoje menos de 40% dos municípios atingiram a meta estabelecida e se mantiver a média de crescimento do setor, o objetivo somente será atingido em 150 anos”.

O pesquisador afirma que a conscientização sobre o papel individual de cada cidadão, se responsabilizando pelo descarte correto do lixo que produz, e uma mudança na mentalidade política e econômica em relação à reutilização são os caminhos mais promissores em direção à mudança desse cenário. “A questão da reciclagem, de plástico e de outros materiais, deve ser vista dentro do contexto de formação de uma economia verde, de maior eficiência energética e na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, deve ser considerada um novo nicho industrial, de transformação do lixo em riqueza”, ressalta.

Reinaldo Dias é graduado em Ciências Sociais, mestre em Ciência Política e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. É especialista em Ciências Ambientais pela Universidade São Francisco – USF e atualmente leciona no curso de Administração do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas – CCSA da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que representam os dados do relatório “A nova economia do plástico: repensando o futuro”, elaborado pela Consultoria McKinsey & Co. e a ONG Ocean Conservancy e apresentado no Fórum de Davos?

Reinaldo Dias – Representa em primeiro lugar um alerta para a humanidade de que estamos inviabilizando a vida marinha, sua diversidade e o enorme potencial que os oceanos possuem de produzir alimentos que amenizariam o problema da fome no mundo. Em segundo lugar representa uma reafirmação da cultura do desperdício que afeta as empresas, mas também os cidadãos. É a incapacidade de pensar que os recursos são limitados e escassos, e que os espaços públicos devem ser tratados com os mesmos cuidados com que tratamos as áreas particulares.

Um terceiro ponto diz respeito à incipiente compreensão humana da nossa dependência do mundo natural, do qual dependemos totalmente, não havendo um único material em nossas casas e cidades que não tenha origem natural. Esse aparente distanciamento da cultura humana em relação à natureza deve ser combatido, pois não criamos um mundo artificial que independe do natural, eles são interdependentes e temos que realizar um intenso trabalho de educação ambiental para que todos os humanos compreendam isso.

IHU On-Line – Qual é o impacto, em termos de quantidade e potencial poluente, causado hoje ao meio ambiente pelo uso e descarte inadequado do plástico?

Reinaldo Dias – No mundo todo, mais de 70% do plástico produzido é depositado em aterros ou lançado em cursos d’água resultando em perdas enormes para alguns setores como o turismo, navegação e pesca. Além disso, também há um custo significativo para o poder público, que se vê às voltas com problemas causados pelo descarte inadequado desses materiais, como entupimento de redes de água e esgoto nas grandes cidades, causando alagamentos e destruição dos equipamentos públicos e a mortandade de peixes e outros animais de água doce e marinhos. Muitos animais ameaçados de extinção, como as diversas espécies de tartaruga, morrem em grande númeroasfixiados pela ingestão de plástico.

IHU On-Line – Que caminho em geral o plástico faz antes de chegar aos oceanos? De onde provém a maior parte desse material?

Reinaldo Dias – Predominantemente do descarte feito pelas pessoas, garrafas pets estão entre os mais encontrados, entre outros objetos de uso pessoal. Esse plástico das residências vai para os rios e daí para os oceanos. O aumento da conscientização das pessoas de que sua ação individual causa esse impacto no mundo natural é fundamental para combater o problema.

IHU On-Line – Qual é a área mais poluída dos oceanos? Por quê?


“Há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço”



Reinaldo Dias – Todos os mares apresentam correntes que se movem-se na forma de uma espiral e, na medida que avançam, vão concentrando todos os resíduos que encontram no caminho, formando ilhas ou manchas de lixo marinho, constituído principalmente de material plástico.

Há cinco grandes manchas de lixo nos oceanos que podem ser vistas do espaço e que contêm cerca de 90% de resíduos plásticos. A ilha de lixo situada entre o Havaí e a Califórnia tem uma extensão de 1,4 milhão de km2. A mancha menos conhecida é a do Oceano Índico, mas acredita-se que é enorme, podendo chegar a uma extensão de 5 milhões de km2.

IHU On-Line – De que forma o Brasil trata da questão do descarte adequado do lixo? Como estão as políticas para este setor? E em outros países, quais tratam desse tema de maneira melhor e pior no planeta?

Reinaldo Dias – O Brasil possui a Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que se fosse cumprida estaríamos numa situação bem melhor do que estamos agora. A lei havia dado prazo até agosto de 2014 para que as cidades acabassem com os lixões e aterros sem condições técnicas, no entanto até hoje menos de 40% dos municípios atingiram a meta estabelecida e se mantiver a média de crescimento do setor, o objetivo somente será atingido em 150 anos. O problema somente será resolvido com vontade política e amadurecimento da população em relação à necessidade de destinação correta do lixo.

A política pública da destinação de lixo no Brasil deveria dar um enfoque central na educação ambiental ampla, precisa ser uma política efetiva de Estado, sem improvisos. Um dos países que enfrenta melhor o problema é a Alemanha, em termos de eficiência e sendo considerada a campeã da reciclagem. Nesse país, dos resíduos gerados, 45% são reciclados, 38% queimados e 17% são destinados à compostagem. A política europeia para o lixo está focada no slogan “lixo pode virar ouro”, que incentiva a criação de negócios relacionados com o reaproveitamento dos resíduos descartados.

Os países com a situação mais deplorável no que diz respeito ao tratamento do lixo são inúmeros, sendo impossível identificar o pior. É importante destacar a contribuição negativa dos países desenvolvidos ao descartarem seu lixo em países em desenvolvimento, principalmente localizados na África e na Ásia, neste último caso com destaque para Bangladesh, que recebe em suas praias grande quantidade de material depositado por navios originados de países ricos.

IHU On-Line – No caso do Brasil, há dados sobre a situação dos rios quanto à poluição com lixo?

Reinaldo Dias – Os dados são específicos para determinados rios que chamam mais atenção, como o Tiete ou Pinheiros em São Paulo, mas a situação se repete em todo o país, principalmente nas cidades. É facilmente encontrável na Internet cenas de acúmulo de milhares de garrafas PET e outros materiais em determinados pontos dos rios. Alguns cursos d’água se assemelham mais a esgotos a céu aberto irradiando mau cheiro, fenômeno comum em todas as capitais brasileiras. Infelizmente esta é a situação, que somente será resolvida com a ação efetiva do poder público, punindo empresas que contaminam e aumentando o nível de conscientização da população sobre o problema.

IHU On-Line – É possível encontrar uma alternativa ao uso do plástico? Quais são as variáveis envolvidas nesse processo?

Reinaldo Dias – O plástico tornou-se um componente essencial na nossa vida, é difícil encontrar no ambiente humano algum lugar onde não haja esse tipo de material. O que pode ser feito sempre é um melhor uso, com a responsabilidade compartilhada do seu descarte entre fabricantes, comerciantes e consumidores. Outro movimento deve ser a adoção, em alguns produtos, de plásticos formados por material biodegradável, que ameniza seus impactos ao meio ambiente, como por exemplo, nas sacolas utilizadas no comércio.

IHU On-Line – No mundo, o Brasil é o campeão na reciclagem de latas, reciclando 98% do total produzido no país. Por que ainda não se tem índices de reutilização como estes para o plástico?

Reinaldo Dias – Este é um bom exemplo de como pode ser encontrada uma solução no contexto do atual modo de produção capitalista, que é o vigente. A reciclagem das latas de alumínio foi transformada num bom negócio, sendo menor o custo de sua reciclagem do que a sua obtenção diretamente na natureza.

O plástico deve trilhar o mesmo caminho, tem que viabilizar negócios rentáveis que gerarão empregos e contribuirão para o meio ambiente. A questão é que a relação custo-benefício está desfavorável para que isto aconteça, pois a principal matéria-prima para o plástico, que é o petróleo, está em queda livre, com preços cada vez menores, o que barateia o seu custo de produção. Neste caso, a solução seria a criação de políticas de incentivo ao setor, maior profissionalização dos empreendedores com a adoção de métodos de gestão adequados para o setor e geração de empregos decentes, pois ocorre neste campo muita exploração de mão-de-obra, com a justificativa de que se está oferecendo trabalho para pessoas necessitadas. Isso tudo deve ser permeado sempre, e fundamentalmente, pelo aumento da conscientização, o que implica em políticas públicas amplas de educação ambiental.

IHU On-Line – De que maneira a reciclagem, além de contribuir para a preservação do ambiente, pode também exercer uma função social?

Reinaldo Dias – Como havia mencionado anteriormente, temos que enfrentar o problema de que muitos programas de reciclagem de plástico envolvem uma exploração da mão-de-obra, buscando neste caso a redução de custos. Isto contraria frontalmente a proposta de sustentabilidade que envolve a reciclagem e a formação de uma economia circular, pois se foca somente no aspecto econômico e marginalmente no ambiental e social. A reciclagem pode exercer um importante papel social, como mostra o exemplo da União Europeia onde o tratamento de resíduos emprega mais de dois milhões de pessoas e com uma receita estimada em mais de 145 bilhões de euros.


“O preconceito em relação ao manuseio do lixo deve dar lugar a uma abordagem de máxima reutilização dos materiais descartados”

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Reinaldo Dias – A questão da reciclagem, de plástico e de outros materiais, deve ser vista dentro do contexto de formação de uma economia verde, de maior eficiência energética e na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Nesse caso, deve ser considerada um novo nicho industrial, de transformação do lixo em riqueza. Acontece que para que isto ocorra deve haver uma mudança de mentalidade, que pode começar nas universidades, incentivando a criação de startups voltadas para a reutilização de materiais descartados como negócio viável. Os estudantes devem aprender a ver o lixo como uma mina de múltiplos materiais que foram retirados da natureza e que podem ser reutilizados com diminuição de custo de fabricação.

Um bom exemplo ocorreu na reunião do clima, a COP21 que aconteceu em Paris em dezembro de 2015. Nesse evento a Adidas e a “Parley for the Oceans”, uma organização sem fins lucrativos que visa a proteção dos oceanos, apresentaram um calçado esportivo inovador que possui sua parte superior e uma sola impressa em 3D, fabricadas com resíduos plásticos dos oceanos. A iniciativa, além de contribuir para a diminuição da contaminação nos oceanos, cria um produto que já nasce com uma imagem positiva sancionada pela sociedade.

O preconceito em relação ao manuseio do lixo deve dar lugar a uma abordagem de máxima reutilização dos materiais descartados. Cabe aos empreendedores tornar o negócio viável adotando soluções criativas para cada caso: plásticos, alumínio, papel, metais, produtos eletrônicos etc. O desafio é este para as universidades: geração de empreendedores que veem o lixo como fonte de riqueza, um dos componentes de um sistema circular e não como um produto final de um sistema linear que ainda é predominante em nossa economia.

Por Leslie Chaves

Fonte: EcoDebate

Japão quer triplicar produção de energia eólica em apenas 5 anos

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016


O país ainda quer ir dos atuais 3% para 15% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis até 2030.


O Japão vai triplicar a capacidade de produção de energia eólica (gerada pelos ventos) até 2020, segundo estimativa publicada nesta sexta-feira (19) pelo diário económico Nikkei, com base nos planos de investimentos das principais empresas do setor.

O jornal adianta que a Eurus Energy Holdings e a J-Power pretendem investir 60 bilhões de ienes (478 milhões de euros) em novas instalações nos próximos cinco anos.

A Eurus, uma joint-venture entre a corretora Toyota Tsusho e a operadora da Central Nuclear de Fukushima, a Tokyo Electric Power (Tepco), planeja instalar 200 mil kilowatts (kw) durante esse período, o que elevaria sua capacidade para até 850 mil kw.

O primeiro projeto é uma fábrica de cerca de 40 mil kw na prefeitura de Akita, no Norte do Japão, cuja construção deve começar ainda este ano.

A J-Power também quer um aumento em torno de 200 mil kw, até 600 mil, a partir de novos centros de geração de energia em Hokkaido (Norte) e Ehime (Sul).

O jornal Nikkei estima que esses projetos e outros de menor escala vão contribuir para aumentar a capacidade de produção de energia eólica do Japão dos atuais 3 milhões de kw para até dez milhões, o que equivaleria a uma dezena de centrais nucleares.

O governo japonês propôs aumentar a proporção da eletricidade gerada por meio de energias renováveis dos atuais 3% para 15% até 2030.

Apesar das vantagens da eólica em relação a outras fontes renováveis, esse tipo de energia pouco avançou nos últimos anos devido aos procedimentos administrativos e estudos de impacto ambiental exigidos para novas instalações.

Desse modo, a energia eólica atende apenas a 0,5% das necessidades de eletricidade do Japão, valor muito abaixo de países como a Alemanha (9,6%), os Estados Unidos (4,4%) ou a China (2,8%).

Fonte: Ciclo Vivo

Brasil tem 2 biomas na lista negra do clima

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Brasil tem 2 biomas na lista negra do clima

Caatinga e Amazônia estão entre os ecossistemas mais sensíveis à variabilidade climática, segundo mapa global; além das condições naturais, pobreza aumenta riscos no Semiárido


Por Cíntya Feitosa, do OC –

A Caatinga e a Amazônia estão entre os biomas mais vulneráveis a variações climáticas no mundo, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (17). A pesquisa pode ajudar a prever o tamanho do impacto que a mudança climática deverá ter sobre ecossistemas no mundo inteiro e entender quais regiões podem sofrer extinções em massa e quais resistirão ao aquecimento. Também estão na lista dos vulneráveis a tundra, a floresta boreal, outras florestas tropicais e os campos temperados.

O mapa da vulnerabilidade dos ecossistemas à variabilidade climática foi realizado por um grupo de pesquisadores da Noruega e do Reino Unido e publicado no periódico Nature. Seus autores criaram um índice de sensibilidade da vegetação, baseado em séries de dados de satélites sobre cobertura vegetal durante 14 anos (de 2000 a 2013) e variáveis climáticas que influenciam na capacidade da vegetação de fazer fotossíntese: temperatura atmosférica, disponibilidade de água e cobertura de nuvens.

No período estudado, a Caatinga e a Amazônia responderam com maior sensibilidade à variabilidade climática em comparação com outras partes do mundo, apresentando, por exemplo, mudanças no aspecto da vegetação – menos verde, menos folhas novas e menos absorção de carbono do ar. É como se os dois biomas entrassem em depressão e suas plantas deixassem de funcionar direito.

O fator mais crítico para a Caatinga é a disponibilidade de água: apesar de ser adaptada à seca, a vegetação do Semiárido parece exagerar na resposta a crises hídricas prolongadas. A resposta pode ser consistente com a desertificação da região Nordeste num cenário de mudança climática e alto desmatamento, ou pode ser simplesmente a maneira como o bioma lida naturalmente com falta d’água. “Pode ser que as plantas na Caatinga sejam adaptadas à variabilidade do clima e tenham uma resposta grande, amplificada, que é própria da maneira daquele ecossistema de lidar com variabilidade”, disse ao OC Alistair Seddon, da Universidade de Bergen, Noruega, principal autor do estudo.

Seddon diz que o trabalho pode ser usado para orientar futuras pesquisas sobre as causas dessa sensibilidade, mas principalmente para melhorar futuras previsões dos efeitos da variabilidade nos ecossistemas, que impactam diretamente em biodiversidade, segurança alimentar e bem-estar da população que vive na região. Ele também afirma que é importante usar os resultados deste período para aprofundar estudos baseados em modelos climáticos, que dão a pista de como será o clima em médio e longo prazo. “Trata-se do próximo passo para compreender os mecanismos por trás desses padrões.”

Cada ecossistema responde às variações de forma diferente. Por exemplo, as florestas tropicais, como a Amazônia, apresentaram sensibilidade à combinação de nebulosidade e variações na temperatura, que juntas influenciam na taxa de crescimento da vegetação, provavelmente por causa de reduções de trocas gasosas sob temperaturas mais quentes – a floresta sufoca, mais ou menos literalmente. Os pesquisadores ressaltam que, apesar de não ser possível associar os dados de pouco mais de uma década diretamente às mudanças climáticas globais, causadas pela emissão de gases de efeito estufa, as descobertas podem ter implicações para o futuro dos ecossistemas.

“Dada a importância da identificação de áreas ecologicamente sensíveis para os serviços ecossistêmicos e redução da pobreza, há uma lacuna fundamental de conhecimento para identificar e, em seguida, priorizar as regiões que são mais sensíveis à variabilidade climática”, dizem os autores do estudo.

Para o biólogo Fabio Scarano, diretor-executivo da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, o estudo revela a necessidade de mais projetos de restauração e atenção especial ao cumprimento do Código Florestal e efetividade do CAR (Cadastro Ambiental Rural) na região coberta pela Caatinga. “A aplicação da lei e a restauração nessa região devem ser prioritárias.” Um estudo de 2015 liderado pelo pesquisador do Inpe Gilberto Câmara mostra que, mesmo com o Código Florestal, o desmatamento na Caatinga pode continuar até depois de 2050 – seria o único bioma do Brasil no qual a devastação não se estabilizaria. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Caatinga já perdeu 46% de sua cobertura florestal original.

Scarano acredita que o plano climático apresentado pelo Brasil às Nações Unidas para o acordo do clima pode contribuir para políticas mais eficientes na região, embora só existam metas para restauração na Amazônia. O planejamento de restauração também não deve ser simples, uma vez que ainda não existem dados de monitoramento de desmatamento no bioma – que ocupa 11% do território nacional, mas só tem 7,5% de unidades de conservação, sendo que pouco mais de 1% delas são de proteção integral, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Também de acordo com informações do ministério, as áreas de proteção ambiental têm baixo grau de implementação.

Câmara mostra-se preocupado com o mal que a confluência entre desmatamento, mudança climática e séculos de agricultura insustentável podem fazer com a sociedade no Semiárido. Ele menciona uma série de dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que mostra quebras de safra expressivas no Ceará após 2010: à exceção de 2011, todos os anos até 2014 tiveram quebras maiores que um terço da produção agrícola.

“Num clima mais ameno do que o atual a situação do Semiárido já era crítica. Qualquer mudança, mesmo moderada, no clima e na precipitação irá inviabilizar a agricultura da Caatinga.”

Fonte: Envolverde

Olimpíada? Não, obrigado

uinta-feira, 11 de fevereiro de 2016


Como uma campanha popular enfrentou um poderoso lobby de empresários e ajudou a derrubar a candidatura de Boston para sediar os Jogos Olímpicos de 2024


Por Giulia Afiune, para a Agência Pública –

Faltando apenas seis meses para os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro chegou aos assuntos mais comentados no Twitter por causa da poluição na baía de Guanabara – ao mesmo tempo em que pesquisadores da Universidade de Nova York chegaram a pedir que a Olimpíada fosse adiada ou até mesmo cancelada por causa da epidemia de Zika.

Sediar uma Olimpíada pode ter sido uma grande glória no passado, mas tem se tornado um fardo político e econômico que cada vez menos cidades estão dispostas a carregar.

Há um ano, Boston, no estado de Massachusetts, costa leste dos Estados Unidos, contemplava a possibilidade de realizar os Jogos Olímpicos de 2024 em sua região metropolitana. Parecia uma boa ideia levar o megaevento para um local onde o amor pelos esportes é visível por todo lado: em bares lotados durante partidas de futebol americano dos New England Patriots, em outdoors que estampam o time de basquete Boston Celtics ou nos incontáveis bonés de beisebol dos Red Sox vistos no metrô na hora do rush.

No entanto, a perspectiva de uma Olimpíada em Boston teve vida curta. Em janeiro de 2015, o município foi escolhido pelo Comitê Olímpico Americano (United States Olympic Committee, o USOC) para representar os Estados Unidos no concurso global para a cidade-sede de 2024. Sete meses depois, o USOC mudou de ideia.

O índice de apoio entre os moradores da região havia caído de 51% em janeiro para 40% em julho. Já a rejeição tinha aumentado de 33% para 53%, segundo pesquisas de opinião.

A intensa discussão que ocorreu na cidade nesse período ficou cristalizada em um debate organizado no dia 23 de julho de 2015 pelo jornal Boston Globe e pela emissora de TV Fox25. De um lado, estavam representantes do Comitê Olímpico americano e do Boston 2024, grupo privado de influentes executivos que estava por trás da candidatura (confira aqui). Para eles, a Olimpíada significava uma chance de criar empregos, atrair investimentos privados e catalisar o desenvolvimento da cidade. Do outro lado, estava um jovem membro do No Boston Olympics, o mais influente grupo de oposição ao plano, e também um economista que estuda os meandros financeiros das Olimpíadas (veja aqui). Ambos argumentavam que não valia a pena sediar os jogos: os recursos públicos deveriam ser investidos em áreas mais importantes para a cidade.

Quatro dias depois, ficou claro quem venceu o debate. Era o fim da candidatura de Boston.

O plano do Boston 2024

A possibilidade de realizar a Olimpíada na cidade começou a ser explorada em 2012. O plano ganhou fôlego no fim de 2013, quando chegou às mãos do empresário John Fish, CEO da Suffolk Construction, a maior empreiteira de Boston e uma das maiores empresas privadas dos Estados Unidos. Sob a liderança de Fish, foi formado o Boston 2024, um grupo privado de altos executivos ligados à construção civil, ao mercado financeiro e ao mercado dos esportes, que elaborou e sustentou a proposta para a Olimpíada.

No começo, tinham apoio de figuras influentes como o ex-governador de Massachusetts e candidato republicano à presidência em 2012, Mitt Romney; a Massachusetts Competitive Partnership, que reúne CEOs de diversas empresas do estado; e Steve Pagliuca, um dos donos do time de basquete Boston Celtics – que mais tarde substituiu Fish como presidente do conselho do grupo.

Segundo o Boston 2024, a Olimpíada em Boston seria econômica, rentável e inteiramente financiada com recursos privados. O plano iria reduzir o número de obras necessárias aproveitando estruturas esportivas e alojamentos já existentes nas 35 universidades espalhadas pela cidade. Para evitar “elefantes brancos”, o estádio olímpico e a vila dos atletas seriam erguidos como estruturas temporárias e depois transformados em conjuntos habitacionais.

Para sediar os jogos, eram necessárias algumas melhorias em infraestrutura, como transporte público e obras viárias, mas o Boston 2024 dizia que estas já estavam planejadas e financiadas com recursos públicos.

Mudando a conversa

O que o Boston 2024 não antecipou foi o barulho causado pela oposição, formada por acadêmicos e dois principais grupos de ativistas: o No Boston 2024 e o No Boston Olympics, que se tornou mais influente.

O No Boston Olympics nasceu no fim de 2013, em uma conversa informal entre amigos na sala de um apartamento em um bairro nobre no centro de Boston. Chris Dempsey, Conor Yunits e Liam Kerr, o dono do apartamento, estavam incomodados com o discurso positivo que a mídia divulgava sobre a Olimpíada – e decidiram se organizar para oferecer um contraponto.

“A gente precisava fornecer um ponto de vista alternativo, que não estávamos ouvindo de mais ninguém”, conta Kelley Gosset, de 35 anos, que se tornaria codiretora do No Boston Olympics. “Fomos tomar um café em uma manhã de domingo para discutir estratégias, o que nós poderíamos fazer para divulgar nossas ideias de forma mais efetiva e como argumentar de forma persuasiva.”

O pequeno grupo trabalhou sem parar pesquisando os efeitos dos Jogos Olímpicos em cidades-sede. “As pessoas não são necessariamente especialistas nas Olimpíadas – nós também não éramos. Eu mesma não sabia que não gostava das Olimpíadas”, conta Kelley. O principal objetivo do grupo era oferecer ao público informações e análises qualificadas sobre os jogos, para que tirasse as próprias conclusões. “As pessoas estavam sedentas por informações que nós estávamos felizes em fornecer”, resume.
Ela conta que ouvia muitas críticas no começo. “As pessoas diziam ‘Você não devia fazer isso’, ‘Essa é uma má ideia’, ‘Isso vai prejudicar sua carreira’”. No entanto, isso não a impediu de seguir em frente. “Eu sentia que era a coisa certa a se fazer.”

O No Boston Olympics era contra o evento principalmente por causa do alto custo pago pela população. “Todas as Olimpíadas nos últimos 60 anos custaram mais do que o previsto no orçamento. Esses são recursos públicos escassos e preciosos que poderiam ser mais bem utilizados em áreas mais importantes, como educação, habitação e transporte, em vez de em um evento de três semanas”, diz Kelley.

Cheque em branco

Ainda que o plano do Boston 2024 previsse só recursos privados, o Comitê Olímpico Internacional exige que as cidades-sede paguem pelos gastos acima do previsto – uma espécie de cheque em branco assinado pelos contribuintes. A exigência do COI está no contrato firmado com a cidade-sede e funciona como uma garantia de que a Olimpíada vai acontecer, mesmo que à custa da população.

O economista Andrew Zimbalist, autor do livro “Circus Maximus: O jogo econômico por trás das Olimpíadas e da Copa do Mundo”, estimou em um artigo publicado na revista da Universidade Harvard que cada Olimpíada custa, em média, 252% a mais do que o previsto. Os jogos de Londres de 2012, por exemplo, custaram US$ 18 bilhões, e a previsão inicial eram U$S 6 bilhões. Segundo ele, isso acontece porque as cidades-sede apresentam propostas com orçamentos baixos demais para ganhar o apoio do público – que irá pagar o excesso depois.

“O orçamento foi pensado assim para parecer que os jogos seriam acessíveis e que não haveria déficits para a população cobrir”, avalia ele, sobre a proposta de Boston. “[O Boston 2024] precisava de apoio político do governador e da atual legislatura e precisava que os cidadãos fossem a favor do plano. Para convencê-los, tentaram fazer parecer que o plano era economicamente viável, mas ele nunca foi”, analisa o economista em entrevista à Pública. Ele criticava, por exemplo, a proposta de construir estruturas esportivas temporárias. “Em teoria, a justificativa para sediar a Olimpíada é que você gasta muito dinheiro, mas depois você fica com coisas que você quer e precisa. Se elas são todas temporárias, não sobra nada”, resume.

Além dos US$ 4,7 bilhões de custos operacionais que viriam do Boston 2024, eram esperados US$ 3,4 bilhões da iniciativa privada para as obras, US$ 1 bilhão do governo federal para cobrir custos de segurança e US$ 5,2 bilhões que seriam direcionados para obras de infraestrutura que já estavam previstas no orçamento da cidade e do governo do estado. “Não dava para acreditar nos números. Na primeira versão do plano, eles diziam que US$ 5,2 bilhões seriam gastos em infraestrutura. Mas o líder do comitê de transportes da Câmara dos Deputados disse que seriam necessários cerca de US$ 13 bilhões”, acrescenta Zimbalist.

Robert Boland, professor de Administração em Esportes da Universidade de Ohio, acredita que o Boston 2024 não conseguiu deixar claros os potenciais benefícios de sediar a competição. “Um dos desafios para vencer o concurso e sediar um megaevento é identificar o bem público que isso trará. E também é preciso constatar as vantagens concretas que isso trará no longo prazo”, ele explica. No caso de Boston, diz, “claramente não havia um plano atraente para as pessoas”.

“Outro grande problema foi que, quando Boston foi escolhida pelo USOC, o plano para os Jogos Olímpicos não tinha sido divulgado. Então ninguém sabia o que eles iam fazer. Era só ‘acredite na nossa palavra, nós temos um bom plano que não vai custar dinheiro público’”, diz Zimbalist. Os documentos que detalhavam o plano foram divulgados pouco a pouco, graças à pressão da população, de políticos locais e da mídia, que fez vários pedidos por meio da lei de acesso à informação americana.

No Boston Olympics: ativismo online e presencial

Enquanto o Boston 2024 escondia seus documentos, a tática do No Boston Olympics era disponibilizar informações para jornalistas e para o público.

A conta no Twitter e a página no Facebook estavam sempre repletas de dados e análises. “As mídias sociais ajudaram a amplificar os argumentos que a oposição estava tentando trazer para um público maior”, observa Jules Boykoff, professor da Pacific University Oregon e estudioso dos movimentos sociais relacionados às Olimpíadas.
O grupo usou estratégias diversas para divulgar sua mensagem. “Nós ficamos associados com as mídias sociais, mas também escrevemos editoriais, fizemos comentários em rádio e em outros canais de comunicação, demos respostas para reportagens, demos informações para legisladores que tinham perguntas”, conta Gosset.

Boykoff diz que foi uma estratégia poderosa. “É impressionante como eles influenciaram a discussão nos círculos midiáticos tradicionais. Se você olhar a cobertura dos jornais Boston Herald, Boston Globe e outros, percebe pelo jeito que os jornalistas escreviam as matérias que eles estavam seguindo esses grupos no Twitter.” No entanto, essa estratégia foi combinada com táticas mais tradicionais, como reuniões com a população, prefeito, governador e até mesmo com o Boston 2024. “A mistura entre fazer ativismo online e comparecer a reuniões é parte do nosso momento contemporâneo”, diz Boykoff.

Walsh recua

A oposição vocalizada por ativistas, pelas redes sociais e pela mídia tradicional cresceu tanto que o Boston 2024 não podia mais ignorá-la. Em março de 2015, o grupo anunciou que faria um referendo sobre o tema. Mas não deu tempo. Em julho, mais da metade da população se dizia contra a realização da Olimpíada em Boston.

A falta de apoio deixou o prefeito Marty Walsh em uma situação desconfortável. Inicialmente defensor da Olimpíada, ele estava sendo pressionado para firmar o contrato de cidade-sede, o que selaria seu compromisso de que a população arcaria com todos os custos extras dos jogos.

Em 27 de julho, Walsh se recusou a assinar o contrato. “Eu não vou assinar um documento que arrisque nenhum dólar do dinheiro dos contribuintes para cobrir custos excedentes na Olimpíada”, disse à imprensa. Horas depois, o USOC e o Boston 2024 decidiram retirar a candidatura de Boston.

Ativismo anti-Olimpíadas no mundo

Depois do que aconteceu em Boston, o Comitê Olímpico Americano escolheu Los Angeles para representar os Estados Unidos no concurso para sediar os jogos de 2024. Também competiam Hamburgo, Roma, Budapeste e Paris.

No entanto, a oposição à Olimpíada está se espalhando e ganhando fôlego também nessas cidades. E o sucesso tornou o No Boston Olympics uma referência.

Em novembro do ano passado, Hamburgo decidiu que não iria mais ser a candidata alemã após um referendo mostrar que 52% da população era contra. O No Boston Olympics esteve lá em outubro de 2015, a convite dos ativistas alemães. “Foi maravilhoso. Nós discutimos a importância das mídias sociais, da pesquisa que nós criamos”, conta Kelley Gosset.

Já em Roma, o grupo de esquerda Radicali Italiani começou uma campanha no início deste ano para levar a questão para as urnas. Ativistas em Budapeste buscam o mesmo. “Eles entraram em contato com a gente”, revela a codiretora do No Boston Olympics. “Por enquanto, é uma conversa preliminar, e o interesse deles é no nosso trabalho, na nossa história e nas lições aprendidas. Essa conexão é importante porque dá continuidade a um mergulho nas análises sobre as Olimpíadas que permite um olhar crítico para os custos e benefícios para as cidades-sede.”

Para Jules Boykoff, a “atmosfera” que envolve os jogos tem mudado. “Esse é o legado da Olimpíada de inverno em Sochi, na Rússia, em 2014, quando o custo ultrapassou US$ 50 bilhões”, diz. “Há uma tendência clara de populações em potenciais cidades-sede de estarem mais conscientes dos possíveis lados negativos de sediar as Olimpíadas. As pessoas estão falando sobre isso. Mais pessoas estão tendo a chance de dizer: obrigado, mas não, obrigado.”

Fonte: Envolverde

Charge Ambiental

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Coulée de boue toxique : l’Etat brésilien exige une indemnisation record


Le Monde | • Mis à jour le | Par


Le petit village de Bento Rodrigues dans l'état du Minas Gerais au Brésil englouti par la coulée de boue.

Un peu plus de cent jours après l’une des pires catastrophes écologiques qu’ait jamais connue le Brésil, l’heure des comptes est venue. L’entreprise minière Samarco, suspectée de négligence coupable lors de la rupture de deux barrages dans l’état du Minas Gerais, le 5 novembre 2015, doit conclure un accord avant la fin du mois de février avec le gouvernement brésilien. La catastrophe avait engendré une avalanche de boue chargée de rejets miniers déversée sur plus de 600 kilomètres, engloutissant le petit village de Bento Rodrigues, dévastant la faune et la flore, et souillant le fleuve Rio Doce jusqu’à la mer. Dix-neuf personnes avaient trouvé la mort.

L’entreprise détenue à 50-50 par les groupes brésiliens Vale et australien BHP Billiton, pourrait devoir verser jusqu’à 20 milliards de reais (4,45 milliards d’euros) permettant d’entreprendre, sur dix ans, la réparation et le dédommagement de la catastrophe. Dans l’immédiat, l’entreprise devra verser 2 milliards de reais. A désastre inédit, montant inédit. Jamais l’Etat n’a exigé de telles sommes. En 2000, suite à la fuite de pétrole dans la baie de Guanabara à Rio de Janeiro, le groupe pétrolier Petrobras à l’origine du désastre avait dû s’acquitter de sommes chiffrées en dizaines de millions de reais.

Poursuites pénales

L’accord, qui pour aboutir doit d’abord vaincre les dernières résistances de l’entreprise, s’ajoute aux poursuites pénales engagées contre Samarco. Un peu moins d’une dizaine de membres de la direction de l’entreprise, dont Ricardo Vescovi, directeur de la société au moment des faits, sont poursuivis pour crime environnemental. La direction du groupe pourrait aussi être inculpée pour homicide.


Samarco est suspectée d’avoir fait preuve de légèreté, notamment pour déclencher l’alarme qui aurait permis de sauver des vies. Pire encore, l’entreprise aurait été avisée dès 2014 des failles des deux barrages, prétend Joaquim Pimenta de Avila, qui a travaillé en tant que consultant pour le groupe minier. Entendu par la police, l’ingénieur a confié avoir informé l’entreprise de risques de rupture, rapportait la Folha de Sao Paulo le 19 janvier.


Qu’a fait Samarco par la suite ? Mystère. Interrogée, l’entreprise nie vertement affirmant que « le consultant Joaquim Pimenta de Avila n’a jamais alerté de risque de rupture du barrage » et précise s’être entendue avec l’Etat du Minas Gerais afin d’adopter des mesures préventives supplémentaires pour renforcer la solidité des infrastructures.

Pour l’heure, aucune preuve n’accuse formellement le groupe. « Tout jugement est prématuré », souligne Carlos Henrique Medeiros, du Comité brésilien sur les barrages (CBDB), organisation chargée d’améliorer les performances des constructions. 


« Un barrage est une structure complexe et vulnérable. Le risque zéro n’existe pas », rappelle-t-il. « Il s’agit d’un accident complexe », insiste Samarco.

Les causes de la rupture des deux barrages, situés près de la petite ville touristique de Mariana, restent inconnues. Une enquête est en cours, dont les résultats sont espérés d’ici à six mois ou un an mais différentes hypothèses circulent. On évoque une petite secousse sismique ou encore une possible surcharge. Les doutes persistent également sur le degré de toxicité de la boue déversée dans le fleuve Rio Doce.

Inertie du gouvernement

Seule la justice permettra de déterminer la culpabilité ou non de Samarco. Mais l’entreprise s’est déjà distinguée par son manque d’empressement voire, par une sorte de nonchalance envers ce drame écologique. Le 27 janvier, l’Institut brésilien de l’environnement et des ressources naturelles (Ibama) a rejeté de façon cinglante la proposition de Samarco pour la réhabilitation des zones endommagées. Le contenu du document avait été jugé plus que « superficiel » et l’entreprise a dû fournir une nouvelle version le 17 février.


Une vue aérienne de Rio Doce, qui a été recouvert par la boue, à un endroit où larivièr rejoint la mer, sur la côté d'Espirito Santo le 23 novembre 2015.
Au-delà de la colère concentrée sur le groupe, les organisations non gouvernementales s’agacent de l’inertie du gouvernement.

« La sécurité des barrages est assumée par les groupes miniers eux-mêmes, sans contrôle extérieur ! », souligne Nilo d’Avila, coordinateur de Greenpeace au Brésil. « La loi sur les mines et les barrages doit être améliorée mais rien ne laisse présager qu’elle va changer », poursuit-il rappelant que les entreprises minières ont financé abondamment campagnes et partis politiques.


Depuis quelques jours, Samarco a lancé une campagne de publicité nationale pour vanter les mesures prises pour réparer les dégâts. « Dans l’Etat du Minas Gerais ils font aussi de la publicité pour dire que l’eau est potable », enrage Dante Pavan membre du Giaia, un groupe indépendant de chercheurs visant à mesurer les dégâts environnementaux de la catastrophe. Reste que cette coulée de boue spectaculaire, qui a ruiné nombre d’agriculteurs et de pêcheurs du Rio Doce, a marqué les esprits.

L’image de Samarco n’en sortira pas indemne. Et celle de son actionnaire Vale, entreprise historique et emblématique du Brésil dont le nom initial était « Vale do Rio Doce », pourrait aussi être entachée.
 Claire Gatinois (Sao Paulo, correspondante)              

Walden: mito da natureza intocada ou Ecologia Profunda? artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Walden: mito da natureza intocada ou Ecologia Profunda? artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Publicado em fevereiro 19, 2016 por 



“Não me proponho escrever uma ode ao desânimo, mas gargantear com o vigor de um
galo matutino empertigado no poleiro, nem que seja apenas para acordar os vizinhos”
(Henry David Thoreau, 1817-1862)

160219

[EcoDebate] O crescimento das atividades antrópicas, no contexto do fluxo metabólico entrópico, está degradando a vida no Planeta, como mostra a escola da Economia Ecológica. O progresso humano tem ocorrido às custas do regresso ambiental. 

Existem várias análises e metodologias mostrando a gravidade da saúde geral da Terra:
1) a pegada ecológica global já ultrapassou em 50% a biocapacidade e a civilização humana vive da herança ecológica do passado, sendo que esta herança natural está sendo dilapidada rapidamente; 
2) Estudo publicado na Revista Science (janeiro de 2015), do Stockholm Resilience Centre, mostra que quatro das nove fronteiras planetárias foram ultrapassadas. Duas delas, a Mudança climática e a Integridade da biosfera, são o que os cientistas chamam de “limites fundamentais” e tem o potencial para conduzir o sistema Terra a um novo estado que pode levar a civilização ao colapso; 
3) a humanidade, na época do Antropoceno, está provocando a 6ª extinção em massa no Planeta, como mostra o livro da jornalista Elizabeth Kolbert, The Sixth Extinction; 
4) O mundo está ficando mais quente e rompendo com a estabilidade climática do Holoceno, conforme mostram diversos estudos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), da Nasa, que alertam para os riscos irreversíveis do aquecimento global e das mudanças climáticas (ALVES, 2014).
Diante da gravidade da situação do Planeta e da possíbilidade da extinção da vida de milhões de espécies que vivem na Terra – muito antes da chegada do homo sapiens – fica difícil compreender como há pessoas que ainda fazem ginástica para justificar o antropocentrismo, a redução das áreas anecúmenas e a expansão das áreas ecúmenas. 

O livro “O Mito Moderno da Natureza Intocada” (primeira edição de 1994), de Antonio Carlos Santana Diegues, foi escrito para combater os ambientalistas que defendem a perspectiva ecocêntrica (ou biocêntrica) de defesa do meio ambiente. 

O livro de Diegues, direta ou indiretamente, reforça o que há de pior na relação assimbiótica entre o ser humano e a natureza. Também é incompreensível como alguém pode combater a iniciativa de criação do Parque Nacional de Yosemite – inaugurado em 1864 (com 3.100 km2) e do Parque Nacional de Yellowstone – inaugurado em 1872 (com 8.980 km2).


Num país, como o Brasil, que já destruiu 92% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e mais de 20% da Amazônia – sem falar nos demais biomas como os mangues, as araucárias, os pampas, etc. que continuam a ser destruídos – fica difícil entender como um pesquisador possa fazer um livro para combater as “áreas naturais protegidas”. A tática utilizada por Diegues foi criar um mito para depois ridicularizá-lo, como se a origem da perspectiva ecocêntrica fosse fundada neste mito relatado pela concepção antropocêntrica do autor, que nas conclusões do seu livro diz o seguinte:


“As áreas naturais protegidas, sobretudo as de uso restritivo, mais do que uma estratégia governamental de conservação, refletem, de forma emblemática, um tipo de relação homem/natureza. A expansão da ideia de parques nacionais desabitados, surgida nos Estados Unidos em meados do século passado, retoma, de um lado, o mito de paraísos naturais intocados, à semelhança do Éden de onde foram expulsos Adão e Eva (…) A persistência da ideia de um mundo natural, selvagem, não tocado, tem força considerável, sobretudo entre populações urbanas e industriais que perderam, em grande parte, o contato quotidiano e de trabalho com o meio rural” (p. 157).


Na verdade, o que Antonio Diegues fez no livro “O Mito Moderno da Natureza Intocada” foi criar e ridicularizar um suposto mito, atribuindo a simplicidade dos seus fundamentos ao núcleo da argumentação dos pensadores ecocêntricos. Se, pelo menos, este truque fosse bem elaborado até poderia servir para um diálogo entre os defensores do antropocentrismo e do ecocentrismo. Mas Diegues não só desconsiderou obras fundamentais para o entendimento do assunto, como deturpou o pensamento de outros.

Por exemplo, a forma como Diegues tratou o pensamento de Henry Thoreau é não só incorreta, como inaceitável para os padrões acadêmicos, pois as citações de Thoreau foram feitas por “apud”, ou seja, Diegues não leu nenhum texto de Thoreau (embora todos deles estejam disponíveis na Web, inclusive vários em português), mas atribui ao autor de Walden concepções que não são verdadeiras. Diegues implica, particularmente, com a noção de wilderness (vida natural e selvagem). Ele diz:

“O movimento de criação de “áreas naturais” nos EUA foi influenciado por teóricos como Thoreau e Marsh. O primeiro estudou administração florestal e criticou a destruição das florestas para fins comerciais (…) A ideia de parque como área selvagem e desabitada, típica dos primeiros conservacionistas norte-americanos, pode ter suas origens nos mitos do “paraíso terrestre”, próprios do Cristianismo (…) Esse mito do paraíso perdido e de sua reconstrução parece estar na base da ideologia dos primeiros conservacionistas americanos. Assim, Thoreau escreveu em 1859: ‘o que nós chamamos de natureza selvagem é uma civilização diferente da nossa’ (apud Nash, 1989). Dessa forma, os primeiros conservacionistas pareciam recriar e reinterpretar o mito do paraíso terrestre mediante a criação (pp 26 e 27).

Acontece que Henry David Thoreau (1817-1862) foi um precursor de movimentos libertários nos Estados Unidos e no resto do mundo, defensor de uma vida simples, autossuficiente e em harmonia com a natureza, além de um rigoroso crítico do modelo de desenvolvimento consumista e degradador do meio ambiente. Aos 16 anos foi estudar Letras e Literatura na Universidade de Havard. 

Aprendeu grego, alemão e francês e se tornou grande conhecedor de textos clássicos das culturas grega, hindu e chinesa. Segundo o filósofo Ralph Waldo Emerson, amigo que influenciou a formação do autor de Walden, “Thoreau era celibatário e nunca foi à igreja”. Portanto, não tem nenhum sentido dizer que as concepções filosóficas de Thoreau foram influenciadas pelo cristianismo, pois é amplamente conhecido que Thoreau foi mais influenciado pela cultura clássica da Grécia e pelas filosofias orientais.

Em nenhuma página do livro “O Mito Moderno da Natureza Intocada” foi dito que Thoreau se opôs à Guerra dos Estados Unidos contra o México, à escravidão, ao genocídio dos índios americanos e à escravidão animal (ele era vegetariano). Não foi dito que Thoreau escreveu o famoso texto “A desobediência civil” (publicado em 1849) que se transformou numa grande referência da luta contra a opressão, a exploração, a injustiça e a discriminação em todas as suas formas. 


Thoreau foi a referência central para a atuação política de: a) Leon Tolstói (1828-1910), que passou a utilizar a ideia da desobediência civil no combate ao totalitarismo czarista na Rússia; b) Mohandas Gandhi que utilizou os mesmos princípios na luta contra a discriminação racial na África do Sul e na luta pacífica pela independência da Índia; c) foi com base em Thoreau que Martin Luther King organizou a luta não violenta contra a discriminação racial e pelos direitos civis nos Estados Unidos; d) o princípio da desobediência civil influenciou pensadores da ciência política como Hannah Arendt, John Rawls, etc.

Ao contrário do que disse Diegues, Thoreau não estudou “administração florestal”, mas construiu sozinho uma pequena cabana às margens do lago Walden, localizado nas florestas ao redor da cidade de Concord, onde viveu uma vida simples e autossuficiente por dois anos. Ele não só deu o exemplo pessoal, como fez uma defesa dos direitos ambientais e dos direitos das espécies vegetais e animais. De fato, o livro Walden faz uma defesa da natureza e da vida selvagem (wilderness). Mas isto nada tem a ver com a concepção de “paraíso perdido” do cristianismo e muito menos com concepções malthusianas ou neomalthusianas. O que existe é uma questão ética. Por conta disto, cada vez mais pessoas defendem o crescimento das áreas anecúmenas, como no livro de Caroline Fraser: Rewilding the World.

É lamentável que o livro “O Mito Moderno da Natureza Intocada” tem se valido de uma falsa dicotomia entre a preservação de áreas naturais e selvagens (wilderness) e os direitos das populações indígenas e tradicionais. 


Na realidade esta dicotomia não existe, mas serve para desqualificar a luta em defesa dos direitos da natureza e a manutenção de parques nacionais e áreas de proteção natural. Em pleno século XXI todos os biomas brasileiros estão ameaçados. Principalmente a Amazônia que tem sido alvo da sanha destruidora do agronegócio, das empreiteiras interessadas na construção de hidrelétricas na Amazônia e da indústria de combustíveis fósseis interessadas na exploração do petróleo, do gás natural e do gás de xisto.

 Recentemente, a Comissão de Minas e Energia rejeitou o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 2602/10, que susta os efeitos do Decreto 7.154/10, que estabelece procedimentos para autorizar e realizar estudos de aproveitamento de potenciais de energia hidrelétrica e de implantação de sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica no interior de unidades de conservação (UC).

Estudo da fundação da navegadora Ellen MacArthur e da consultoria McKinsey, divulgado durante o Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF, 2016), mostra que os oceanos terão mais plásticos do que peixes em 2050. Segundo o documento, a proporção de toneladas de plástico para toneladas de peixes era de uma para cinco em 2014 que será de uma para três em 2025 e vai ultrapassar uma para uma em 2050.

 Portanto, mais do que nunca é preciso preservar as áreas naturais e os territórios anecúmenos. Não é hora de brincar com mitos de natureza intocada. Cabe lutar pela preservação do meio ambiente contra toda ganância humana assimbiótica, contra a geração crescente de luxo e lixo e contra os interesses egoísticos do processo de acumulação de capital.

Assim, por tudo isto, fica claro que a defesa de áreas naturais e selvagens e as concepções da Ecologia Profunda nada têm a ver com o “mito da natureza intocada”. O que o mundo precisa é realmente reforçar a concepção ecocêntrica e anti-antropocêntrica. Henry Thoreau está localizado no panteão dos grandes pensadores da humanidade. Felizmente sua influência e seu reconhecimento vão muito além de quaisquer detratores, populistas e demagogos de ocasião. 

O pensamento de Henry Thoreau continua vivo e cada vez mais presente nos movimentos libertários e no combate ao antropocentrismo. A defesa do meio ambiente é cada vez mais necessária no século XXI, para evitar o crescimento da pegada ecológica, o rompimento dos limites das fronteiras planetárias, a perda de biodiversidade e o agravamento do aquecimento global e dos efeitos desastrosos das mudanças climáticas.
Referências:
The Walden Woods Project: https://www.walden.org/
Planetary Boundaries 2.0 – new and improved, Stockholm Resilience Centre, Stockholm. Janeiro 2015
Thoreau, Henry David, Walden, ou, A vida nos bosques, São Paulo, Ground, 2007
THOREAU, Henry David. Desobedecendo: a desobediência civil e outros ensaios. Tradução de José Augusto Drummond. Rio de Janeiro, Rocco, 1984.
ALVES , J. E. D. População, desenvolvimento e sustentabilidade: perspectivas para a CIPD pós-2014. R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 31, n.1, p. 219-230, jan./jun. 2014
ALVES, JED. Sustentabilidade, Aquecimento Global e o Decrescimento Demo-Econômico, Revista Espinhaço, Diamantina. UFVJM, Revista Espinhaço, v. 3, n. 1, 2014.
ALVES, JED. Henry Thoreau, um revolucionário, Projeto Colabora, RJ, 20/01/2016

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 19/02/2016
"Walden: mito da natureza intocada ou Ecologia Profunda? artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/02/2016,http://www.ecodebate.com.br/2016/02/19/walden-mito-da-natureza-intocada-ou-ecologia-profunda-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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