domingo, 25 de setembro de 2016

Só a tecnologia salva a Amazônia


Por Vandré Fonseca
Foto: Andre Zumak/Flickr
Foto: Andre Zumak/Flickr



Manaus, AM - Se deixar, a motosserra destrói. Se proteger, ainda faltam garantias de que a Amazônia vá resistir por muito tempo. Mas a equipe de pesquisadores liderada pelo meteorologista Carlos Nobre acredita que ainda há um caminho para salvar a floresta. Em um artigo publicado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), ele e outros pesquisadores defendem emprego de alta tecnologia para aproveitar e preservar a biodiversidade da região.




“Estamos propondo quase uma Revolução Bioindustrial”, destaca Carlos Nobre. ”O maior recurso que a floresta tem está escondido na biodiversidade, nas estratégias que essa biodiversidade encontrou para manter dezenas de milhares de espécies”, completa. Para os pesquisadores, empresas biotecnológicas poderiam ser um vetor de desenvolvimento e ao mesmo tempo aliadas na proteção da floresta, afinal dependeriam dela para sobreviver.




No artigo, os pesquisadores alertam que grande parte da floresta pode dar lugar a uma savana degradada sob diversos cenários. São projeções que já haviam sido feitas e publicadas, mas pela primeira vez aparecem juntas. E indicam a vulnerabilidade da Amazônia às mudanças globais que ocorrem atualmente, como alterações na paisagem e mudanças climáticas.




Mesmo controlando o desmatamento, afirma Nobre, se a temperatura média na região aumentar 4º Celsius, a floresta pode não suportar. “Vários estudos conduzidos pelo meu grupo de pesquisa e por outros, internacionalmente, chegaram a limites absolutos, que se você ultrapassar corre o risco do que chamei de savanização da Amazônia”, destaca.




Apesar de ainda estar longe dessa marca, já que a temperatura na região aumentou 1ºC (1,5ºC em áreas desmatadas, segundo o pesquisador), existem outras ameaças. Se o desmatamento passar dos 40% da floresta, há risco de uma mudança regional que leve a mudança da paisagem. Incêndios florestais também podem levar a degradação da floresta tropical.



Carlos Nobre destaca que o estudo também levou em consideração o ganho da floresta com o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, que favorece o crescimento das árvores. Sem esse dado, os resultados seriam ainda piores. Um quadro que torna insuficientes tanto a perspectiva de transformar a Amazônia em um santuário intocado quanto aproveitamento das áreas desmatadas para a agricultura.



“A nossa conclusão é que nenhuma dessas estratégias preserva ad eternum a Amazônia”, ressalta. Ele lembra que há desmatamento mesmo dentro de Unidades de Conservação, o que demonstra a ineficiência de cercar a Amazônia. Por outro lado, o aproveitamento de áreas já degradadas para a agricultura pode induzir ao desmatamento. “Aumentar a produtividade por si traz dinheiro para a região da atividade agrícola e esse dinheiro só encontro modo de se reproduzir com a expansão da produção sobre a floresta”, explica.



Claro que o modelo defendido no artigo pressupõe tanto a manutenção ou ampliação das Unidades de Conservação e a intensificação da produção agrícola. E inclui também a necessidade de melhorar a qualidade de vida na região. Ele destaca que na Bacia Amazônica vivem aproximadamente 40 milhões de pessoas, que precisam se beneficiar de uma atividade econômica dinâmica. “Não seria aceitável um modelo econômico de extração da região em que essas populações não sejam beneficiadas”, afirma.

Saiba Mais
Land-use and climate change risks in the Amazon and the need of a novel sustainable development paradigm

Tecnologia espacial ajuda na conservação

quarta-feira, 21 de setembro de 2016


O que parecia ficção científica se tornou realidade. O projeto de Cooperação Internacional para a Pesquisa Animal Utilizando o Espaço (Icarus), cuja fase de testes começará em 2017, desenvolve sensores alimentados por energia solar, pesando entre um e cinco gramas, que são acoplados a pássaros cantores, libélulas e escaravelhos.



Nova Délhi, Índia, 20/9/2016 – Todos os anos, em novembro, a praia indiana de Gahirmatha, no Oceano Índico, se tinge de uma cor café-acinzentado durante 60 a 80 dias, porque cerca de meio milhão de tartarugas verdes chegam para desovar e deixam aproximadamente cem ovos cada uma. Porém, pouco se sabe da rota migratória dessa espécie em perigo. O desconhecimento dificulta a possibilidade de tomar medidas para proteger a minguante população da destruição de seu habitat, do aquecimento global e da pesca de arrasto.


A crescente pressão exercida pela mudança climática, pela perda de ecossistemas e pelos crimes contra a fauna e a flora silvestres, que colocam em risco a biodiversidade em todo o mundo, levou numerosos cientistas a recorrerem à tecnologia espacial para tentar remediar a situação.


As libélulas, os escaravelhos e os pássaros cantores migratórios logo poderão estar conectados a satélites espaciais e ajudar a prever desastres naturais e a propagação de zoonoses, doenças que os animais passam aos seres humanos, como as gripes suína e aviária. Os radares ajudarão a localizar os caçadores ilegais mediante sensores infravermelhos, que detectarão os movimentos agitados dos elefantes, por exemplo. As câmeras que orbitam no espaço podem detectar inclusive enfermidades dos cultivos e espécies invasoras em locais de difícil acesso.


O que parecia ficção científica se tornou realidade. O projeto de Cooperação Internacional para a Pesquisa Animal Utilizando o Espaço (Icarus), cuja fase de testes começará em 2017, desenvolve sensores alimentados por energia solar, pesando entre um e cinco gramas, que são acoplados a pássaros cantores, libélulas e escaravelhos. Os dados transmitidos não informarão apenas sobre seus movimentos e sua posição geográfica, mas darão pistas importantes sobre as funções corporais ou sobre os sentidos do animal, além de indicadores significativos a respeito de desastres naturais iminentes.


Até 2020, os sensores do Icarus poderão ser suficientemente pequenos para serem acoplados a um gafanhoto, e talvez seja possível utilizar microssensores para controlar o voo do inseto e desviar um enxame de cultivos valiosos, explicaram pesquisadores do Instituto de Ornitologia Max Planck, da Alemanha. Os especialistas do Icarus afirmaram que a vida das baterias é um grande limitador para rastrear animais pequenos, porque as miniaturas que podem carregar não duram muito.


No entanto, a estação internacional da agência espacial russa Roscosmos, onde será instalado o equipamento do Icarus, está mais perto da terra do que os satélites, o que permitirá diminuir a energia necessária para carregar os dados. E, para economizar mais bateria, somente quando houver contato visual com a ave em voo é quea estação ativará o minitransmissor do pássaro, que estará no modo economia de energia, e demorará poucos segundos para transmitir os dados à estação.



A urgência de recorrer a outros métodos de patrulhamento para controlar a caça ilegal e o comércio ilegal de fauna e flora silvestres, se depreende do Informe Mundial de Crimes Contra a Vida Silvestre deste ano. O documento foi elaborado a partir da plataforma World Wise (World Wildlife Seizures, ou apreensões de fauna silvestre do mundo), que contém dados de mais de 164 mil apreensões relacionadas com o crime contra cerca de sete mil espécies em 120 países, entre 2004 e 2015.


O tráfico de fauna e flora silvestres agora é reconhecido como uma área especializada dentro do crime organizado, além de ser uma grande ameaça contra espécies vegetais e animais. O comércio ilegal será o eixo da 17ª Conferência das Partes da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites), que acontecerá entre os dias 24 deste mês e 5 de outubro, em Johannesburgo, na África do Sul.


Segundo o informe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) de 2016, estima-se que essa atividade movimente entre US$ 7 bilhões e US$ 23 bilhões por ano. Como os caçadores ilegais utilizam tecnologia cada vez mais sofisticada, os guardas florestais devem estar à altura e se equipar. Quando avançam para matar, os elefantes e os rinocerontes costumam se comportar de forma incomum. Os sensores nos animais ajudam a detectar esse comportamento e enviam alertas aos responsáveis pela segurança, dando a eles tempo para reagir.


Outras constelações (dez ou mais) de alta resolução de satélites-radar, ao contrário dos satélites óticos para observar a Terra, são suficientemente poderosas para penetrar na densa cobertura florestal, nas nuvens e na escuridão da noite, que ajudam a camuflar os caçadores ilegais, afirmam os especialistas. E os sensores infravermelhos instalados nos drones, controlados pelo sistema de posicionamento global (GPS), também ajudam a detectar fogueiras ou corpos quentes escondidos na selva africana, acrescentam.


Já há satélites avançados controlando o desmatamento ilegal, o avanço do desmatamento e até a umidade do solo. O lançamento de imagens via satélite hiperespectrais, isto é, imagens detalhadas em centenas de longitudes de ondas eletromagnéticas, permitem avaliar a dimensão do desastre, o crescimento de cultivos e das enfermidades, a disponibilidade de água em áreas de difícil acesso e o derretimento de geleiras, além da biodiversidade em geral.


Especialistas em desenvolvimento concordam que as ferramentas espaciais podem ter um papel importante e diverso no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o de número 15, sobre “promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, lutar contra a desertificação, deter e inverter a degradação das terras e frear a perda da diversidade biológica”.


Os países em desenvolvimento, com grande diversidade biológica, requerem forjar associações e contar com assistência técnica gratuita, além de transferência de conhecimentos, recursos adequados e construção de capacidades em tecnologias vinculadas ao espaço, para poderem cumprir a Agenda de Desenvolvimento para 2030. Mas o alto custo das soluções tecnológicas e o acesso aos últimos conhecimentos e avanços científicos são um grande obstáculo para o Sul Global.


“A comunidade internacional deve criar dispositivos espaciais de baixo custo para compartilhar com os países em desenvolvimento, como o transmissor solar (Icarus) que a Alemanha desenvolve”, afirmou Saroj Koirala, especialista em tecnologia geoespacial do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) do Nepal. “Seria muito valioso podermos dispor deles por US$ 50 ou US$ 100”, ressaltou à IPS.


O coordenador das análises espaciais do WWF Índia, Shashank Srinivasan, enfatizou à IPS que a não ser pelo wildlabs.net, que permite compartilhar tecnologia relevante para a conservação, não conhece outro tipo de iniciativa que permita fazer o mesmo em escala nacional, nem regional ou internacional, nem fundos que o facilitem.


Os especialistas destacam a necessidade de conscientização entre dirigentes políticos e autoridades sobre a importância das tecnologias espaciais para gerar políticas e destinar fundos ao setor. Como a conservação da natureza está muito ligada aos modos de subsistência, as pessoas devem pressionar seus governos para que destinem recursos às tecnologias avançadas, destacouKoirala.


Fonte: Envolverde

Video: O Cerrado depende de você.




O Cerrado depende de você – WWF-Brasil

Berço das águas do Brasil e de 5% de todas as espécies animais e vegetais do mundo, o Cerrado é uma maravilha brasileira em perigo.


Decidido a tornar o Cerrado visível aos olhos do mundo, o WWF-Brasil apresenta este vídeo que, por meio de imagens deslumbrantes, mostra como o bioma pode e deve ser usado, mas é preciso fazer isso de maneira equilibrada e sustentável, valorizando a cultura local.


https://youtu.be/PJd_45xHhHw

12/04/2016

Belezas do Cerrado

Gigante pela própria natureza. Esse é o Cerrado Brasileiro! Assista ao vídeo produzido pelo WWF-Brasil e conheça um pouco deste belo e rico bioma.

 https://youtu.be/q0_XODQ0GGg



“Arca de Noé da China”: país cria 1º banco de genes com milhões de amostras

sexta-feira, 23 de setembro de 2016




A China inaugurou nesta quinta-feira (22), na cidade de Shenzhen, no sul do país, seu primeiro Banco Nacional de Genes (CNGB), local que abre com dez milhões de amostras e tem como objetivo chegar a 300 milhões quando estiver em plena operação.





O projeto, iniciado pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento em 2011, procura promover pesquisas sobre saúde e conservação da biodiversidade, informou a agência oficial “Xinhua”.




“Esperamos fazer com que o banco de genes seja o maior centro de dados biológicos da China e, inclusive, do mundo. Seria como um Google, mas no campo dos dados de vida e de saúde”, disse o diretor do CNGB, Mei Yonghong, em declarações citadas pela “Xinhua”






Com uma superfície de 47.500 metros quadrados, o centro reúne um banco de informações biológicas, outro de amostras genéticas e mais um de amostras vivas de plantas, animais e micro-organismos. Por isso, alguns veículos de imprensa do país já batizaram o projeto de “Arca de Noé da China”.




“A missão do banco de genes é preservar a essência de 1 bilhão de anos de experiência evolutiva e armazenar os fundamentos da vida de milhões de pessoas”, explicou Yonghong.



Já o diretor-executivo do CNGB, Xu Xun, afirmou que as células humanas armazenadas podem ajudar a curar muitas doenças no futuro, com a melhora da tecnologia médica. Além disso, o banco de genes chinês colaborará com mais de cem organizações internacionais dedicadas à pesquisa da saúde, da biodiversidade e da evolução.


Os Estados Unidos, o Reino Unido e o Japão já contam com instituições similares, mas o órgão na China, um país com quase 1,4 bilhões de habitantes, tem aspirações de se transformar no maior do mundo.



Fonte: UOL

ONU promove turismo como fórmula para diminuir a pobreza e incentivar conservação

05/02/2015


Esculturas no templo Angkor Wat em Siem Reap no Cambodia. Foto: UNESCO
Esculturas no templo Angkor Wat em Siem Reap no Cambodia. Foto: UNESCO

Atualmente, o turismo gera um em cada 11 empregos em todo o mundo, bem como colabora com 9% do produto nacional bruto global e 30% das exportações globais.


Ministros de Turismo e de Cultura de todo o mundo se encontram neste momento ( Noticia de fevereiro de 2015.NB) em Camboja para identificar oportunidades de cooperação entre esses dois setores na preservação e diminuição da pobreza. A Conferência Mundial sobre Turismo e Cultura é uma iniciativa pioneira liderada por duas agências da ONU e inaugurada nesta quarta-feira (04) em Siem Reap, aos pés de um dos mais legendários pontos turísticos do mundo, o Templo de Angkor Wat.


O encontro, promovido pela Organização Mundial de Turismo (OMT) e a Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), incentiva os países a buscarem soluções para tirar proveito do poder do turismo e da cultura para mitigar a pobreza, criar trabalhos e proteger o patrimônio natural e cultural.


“Hoje, o turismo cultural – um mosaico de formas artísticas, lugares históricos, festivais tradicionais e peregrinações em todo o mundo – está crescendo em um ritmo sem precedentes”, disse o secretário-geral da OMT, Taleb Rifai. “A curiosidade da humanidade sobre o patrimônio cultural é um elemento que verdadeiramente diferencia um destino do outro.”


Atualmente, o turismo gera um em cada 11 empregos em todo o mundo, bem como colabora com 9% do produto nacional bruto global e 30% das exportações globais.
A chefe da UNESCO, Irina Bokova, enfatizou que a prioridade da Organização é salvaguardar todas as formas de cultura, desde monumentos, ao patrimônio vivo dos países.


“A cultura é o que somos. Ela molda nossa identidade e é uma maneira de incentivar o respeito e tolerância entre as pessoas,” pontuou, ao frisar que essa visão é um dos motores para incentivar o desenvolvimento sustentável no planeta.



* Publicado originalmente no site ONU Brasil.

O clima hoje, os dramas de amanhã

23/09/2016


Por Washington Novaes*


Este ano El Niño elevou a concentração de gases estufa a um nível recorde.
As notícias vêm de várias partes. Do centro do Brasil, as informações de que o Rio Araguaia, um dos maiores do País, já “perdeu mais de 100 de suas ilhas”, com o assoreamento documentado pelos cientistas da Universidade Federal de Goiás. Os cardumes de peixes desapareceram (O Popular, 18/9). O canal principal de navegação reduziu-se de mais de 70 metros para 5 metros. E o auge da seca ainda não chegou, está previsto para outubro. Segundo o jornal, “a drenagem de água para fins de agricultura contribui para o agravamento da crise”.



Mas o problema não é só lá. Goiânia e Aparecida de Goiânia sofrem sem água em partes das cidades, porque fazendas desviaram o curso de um rio. Também nas proximidades houve outros desvios no leito do Rio Meia Ponte, que abastece 50% da capital; por isso a captação ali teve de ser baixada de 80 para 30 litros por segundo. A Ilha do Bananal só existe agora como ilha durante parte do ano porque o Rio Javaés, borda ocidental dessa ilha, só tem água durante dois meses no ano. Em vários outros municípios, incluídos Anápolis e Cidade Ocidental, de maior porte, a crise na captação também é forte. Só na Serra das Areias 15 nascentes e 9 cachoeiras secaram.




O Plano de Recursos Hídricos do Estado segue em marcha lenta – quando segue – na Assembleia Legislativa goiana. E o Araguaia é apenas um dos exemplos. Vários outros rios estão sendo assoreados com resíduos que vêm das culturas agropecuárias em faixas de preservação.




Na histórica cidade de Goiás, o Rio das Almas pode ser atravessado a pé, depois que plantadores de cana-de-açúcar passaram a captar água nas partes mais altas.
Goiás é parte do problema do Centro-Oeste e de outras faixas de transição onde é feita a conversão de florestas para lavoura, podendo aumentar a temperatura da superfície em até 5 graus Celsius e reduzi r em 30% a quantidade de água que retorna para a atmosfera em forma de vapor (Estado, 18/9). Queimadas são cada vez mais frequentes. O desmatamento em partes da Amazônia ficou em 5 mil quilômetros quadrados em 2015.




Há outros ângulos. A Secretaria de Abastecimento goiana lançou no final de agosto o Plano Estadual de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas. Um dos objetivos é reduzir a emissão de carbono na agricultura. Planeja-se recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas; ampliar o plantio direto em oito milhões de hectares; ampliar a fixação biológica de nitrogênio em 5,5 milhões de hectares.




As várias ações deverão permitir a redução de emissões em 2,25 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes, graças também ao incremento de áreas de florestas plantadas em 50 mil hectares por ano, à adoção de sistemas agroflorestais em 4 milhões, à fixação biológica do nitrogênio em 5,5 milhões de hectares.




A cada dia surgem mais notícias inquietantes. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) há pouco informou que a extração de matérias-primas triplicou em quatro décadas; contribui fortemente para as mudanças climáticas e para a contaminação da atmosfera com o uso intensivo de combustíveis fósseis.




Estudo da Fundação Oswaldo Cruz concluiu que a região amazônica poderá sofrer mudanças climáticas bruscas nos próximos 25 anos por causa do desmatamento; a temperatura aumentará 5 graus Celsius e o volume de chuvas diminuirá 25% (geodireito, 19/9).
As mudanças climáticas provocam a degradação de ecossistemas e de recursos, sobre os quais tantos dependem a sobrevivência humana. Foto: PNUMA
As mudanças climáticas provocam a degradação de ecossistemas e de recursos, sobre os quais tantos dependem a sobrevivência humana. Foto: PNUMA




Para completar a preocupação com o calor recorde que já está por aqui, estudo recente do Painel do Clima (IPCC), publicado na revista Nature, atualizou a correlação entre volumes de emissão de gases do efeito estufa (GEE) e aumentos da temperatura média na Terra até o fim do século – a continuarem como hoje as políticas, o aumento será entre 3,2 e 4,4 graus.



Mesmo que os países cumpram os compromissos voluntários assumidos no passado, o aumento ficaria entre 2,9 e 3,8 graus. 



E mesmo que se excluam causas, como a liberação de metano pelo Ártico, do permafrost siberiano e do fundo dos oceanos, perdas nas florestas tropicais, ficar abaixo do aumento de 2 graus na temperatura em 2075 pressupõe o abandono do carvão e do petróleo como combustíveis e sua substituição por energias limpas e renováveis; a eletrificação dos transportes; técnicas de sequestro de carbono; grandes projetos de reflorestamento; agricultura e pecuária de alta produtividade e baixo carbono (Eco-finanças, 11/7).




Essa transição pressupõe investimentos de US$ 3 trilhões por ano (quando se fala hoje em US$ 100 bilhões), fora retirar subsídios de US$ 1 trilhão para combustíveis fósseis.
Não é exatamente nessas direções que vamos caminhando.



Este ano, El Niño aumentou a concentração de gases do efeito estufa para nível recorde (Reuters, 13/6), ultrapassando pela primeira vez 400 partes por milhão. Mudanças climáticas estão provocando deslocamento de nuvens para os polos e exposição de zonas tropical e subtropical do planeta à radiação solar e desertificação, segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego. Este ano, seca e excesso de chuvas em regiões produtoras brasileiras já contribuíram para queda de 0,3% no PIB agropecuário de um trimestre.




Para outubro está prevista uma reunião em Kigali, capital de Ruanda, de dirigentes de todas as partes do mundo, na tentativa de alcançar um acordo que permita chegar ao fim do século com aumento de apenas 0,5% na temperatura, equivalente a metade da elevação que já provocamos desde o início da revolução industrial.




O foco principal estará na redução de hidrofluorcarbonos, ou HFCs, encontrados em aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e aerossóis. E em seu período de vida de 13,4 anos eles causam 1.300 vezes o aquecimento que o dióxido de carbono provoca ao longo de cem anos.




As negociações já duram sete anos. E a implementação terá custo muito alto. Vai-se chegar a um bom final? (O Estado de S. Paulo/ #Envolverde)



* Washington Novaes é jornalista (e-mail: wlrnovaes@uol.com.br).



** Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.

Estudo identifica áreas mais vulneráveis e faz projeções para adaptação da Mata Atlântica



Maraú (BA) possui quilômetros de Mata Atlântica totalmente preservados. Na foto, Cachoeira do Demé. Foto: Otávio Nogueira / Flickr / CC
Maraú (BA) possui quilômetros de Mata Atlântica totalmente preservados. Na foto, Cachoeira do Demé. Foto: Otávio Nogueira / Flickr / CC

Objetivo do trabalho, que identifica áreas mais vulneráveis, é apoiar os tomadores de decisão para a definição de estratégias no bioma.

DO MMA
O impacto das mudanças do clima na Mata Atlântica e os instrumentos para uma gestão eficiente e sustentável a médio e longo prazos representam um grande desafio para gestores e investidores. Para estudar os desafios que o País terá pela frente, um projeto inovador, desenvolvido pela equipe de pesquisadores da WayCarbon, sob coordenação do diretor de Adaptação e Vulnerabilidade, Marco Follador, foi apresentado nesta semana em Brasília. O projeto tem a participação dos ministérios do Meio Ambiente do Brasil e da Alemanha, apoio financeiro do Banco de Fomento Alemão (KFW), apoio técnico da Cooperação Técnica Alemã (GIZ) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).




O estudo aponta as áreas mais vulneráveis do bioma com o objetivo de apoiar os tomadores de decisão para a definição de estratégias de adaptação, com destaque para áreas identificadas como as mais vulneráveis pela pesquisa: Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia; Mosaico Central Fluminense e o Mosaico Lagamar, no litoral sul de São Paulo, e a zona Costeira do Paraná.




“Realizamos um estudo que avalia sete impactos potenciais, alagamento, deslizamento, distribuição do vetor da dengue, fitofisionomia, aptidão agrícola, umidade do solo e erosividade”, explicou o pesquisador Marco Follador aos técnicos do MMA e do ICMBio. Os resultados, segundo ele, mostram as diferentes condições climáticas regionais, junto às características físicas do território, estabelecendo a variabilidade espacial e a importância dos impactos.




ÁREAS PRIORITÁRIAS
Depois de reconhecer a complexidade do trabalho, Follador defendeu a necessidade de o País eleger áreas prioritárias para a realização de projetos de adaptação. “Num país com a dimensão do Brasil, não há como contemplar todos as áreas ao mesmo tempo, por isso, no caso da Mata Atlântica procuramos identificar os chamados hotspots, isto é, regiões que apontam para ações mais urgentes”, explicou.




O pesquisador observou que ainda faltam informações sobre os impactos das mudanças do clima, o que representa hoje um dos maiores obstáculos para a definição de estratégias de adaptação. “Por isso, o estudo representa um avanço para suprir essa lacuna, e incluir o risco climático no planejamento dos diferentes contextos geográficos e produtivos do Brasil”, ressaltou.




CENÁRIOS
De acordo com as análises, cruzamentos e projeções de dados foi possível verificar que a distribuição regional das áreas de impacto potencial à erosão hídrica apresenta o mesmo comportamento das médias de precipitação em todas as áreas de Mata Atlântica, diminuindo nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Já nas regiões Sul e Sudeste é observado um incremento até 2040. No período seguinte, as médias caem no Sudeste e aumentam no Sul.


Quanto ao risco de inundações, o estudo mostra que as áreas de Mata Atlântica na região Sul apresentam um aumento de ocorrências, devido a um aumento dos extremos de chuva.
“Outras áreas sujeitas às inundações estão distribuídas de forma fragmentada ao longo do litoral, constituído por planícies de inundação fluvial. Grande parte do bioma no interior do país apresenta redução das ocorrências de grandes inundações”, explicou Marco Follador. O trabalho inclui, ainda, análises da variação de umidade do solo, zoneamento agrícola, área de transmissão da dengue, e outros itens que complementam o estudo.




AGRICULTURA
Com projeções até 2100, o estudo, depois de analisar os efeitos das mudanças do clima nas sete principais fitofisionomias da Mata Atlântica, aponta as seguintes mudanças a longo prazo para o zoneamento agrícola:



– A floresta estacional e semidecidual apresenta o cenário mais crítico, com perdas por volta de 50% da área atualmente apta, e ganhos de 40%.



– Para formações pioneiras, projetam-se perdas de 30% em relação à área de ocupação atual, e um ganho potencial de 50% das áreas aptas em outras regiões litorâneas.




– As florestas ombrófilas abertas, mais tolerantes a estresse de precipitação, podem ganhar até 170%, fora de seu domínio atual.



– A floresta ombrófila densa, pela sua elevada demanda por água de suas taxas de evapotransmissão, podem perder páreas aptas em até 50% do atual domínio, com um ganho potencial, mas reduzido de 30% em outras regiões.

in EcoDebate, 23/09/2016

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Segurança de barragens: MPF investiga a situação de 396 barragens de mineração no país




Os resultados da ação serão divulgados em novembro, quando o acidente na barragem de Fundão, em Mariana, completa um ano.

mineração
Arte: Secom/PGR



A Ação Coordenada Segurança de Barragens, patrocinada pela Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4ªCCR), investiga as condições de segurança de 396 barragens de mineração em 16 estados brasileiros. Os resultados da ação serão divulgados em novembro.



Os empreendimentos foco da investigação estão listados no Cadastro Nacional de Barragens de Mineração (CNBM). Para instruir a apuração, 52 procuradores da República instauraram inquérito civil e requisitaram informações ao Departamento Nacional de Produção Mineral e ao empreendedor. Os ofícios encaminhados solicitam informações sobre planos de segurança, ações de emergência, inspeções, vistorias realizadas pelo DNPM e declaração de estabilidade da barragem.



O coordenador da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, subprocurador-geral da República Nívio de Freitas, destaca a importância da investigação conduzida pelo MPF. A iniciativa é importantíssima, à medida que se busca atuar efetivamente para evitar a ocorrência de catástrofes como a ruptura da Barragem de Fundão, em Mariana, em defesa de vidas, do meio ambiente e de toda a sociedade, ressaltou.



“Estamos verificando simultaneamente a situação de quase 400 barragens de mineração em todo o país. Isso demonstra a importância do tema e o empenho do MPF em evitar que tragédias como a de Mariana se repitam”, reforça o coordenador da ação, procurador da República Darlan Dias.



A partir das informações recebidas do DNPM e do empreendedor, o procurador da República pode expedir recomendação, notificar o empreendedor e até ajuizar ação civil pública.



Fonte: Procuradoria-Geral da República



in EcoDebate, 23/09/2016

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TCU aponta falhas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) que contribuíram para tragédia do rompimento da barragem da Samarco em Mariana











Mariana (MG) - barragem pertencente à mineradora Samarco se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, em Minas Gerais (Corpo de Bombeiros/MG - Divulgação)
Mariana (MG) – Barragem pertencente à mineradora Samarco se 
rompeu no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros
 de Mariana, em Minas Gerais, matando 19 pessoas. 
 
Foto: Corpo de Bombeiros/MG – Divulgação
 
 
 

O resultado de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) – divulgado na noite de quarta-feira (21) – aponta falhas e omissões do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) na fiscalização de barragens no país. Segundo o relatório, a falta de atuação do órgão teria contribuído para a tragédia que ocorreu em novembro do ano passado no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Na ocasião, uma barragem da mineradora Samarco se rompeu, deixando 19 mortos, provocando poluição da bacia do Rio Doce e devastando a vegetação nativa. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.



Com 62 páginas, o documento,  relatado pelo ministro José Múcio Monteiro, do TCU, aponta que o DNPM não conseguiu garantir que a Samarco seguisse os padrões exigidos pela Lei 12.334/2010, que ficou conhecida como Política Nacional de Segurança de Barragens. Na opinião do TCU, a legislação possui “os pressupostos necessários para garantir a gestão da segurança das barragens de rejeitos no país”, mas o DNPM “não vem desempenhando a contento seu papel de órgão fiscalizador”.



O relatório aponta que as falhas foram consequência de falta de planejamento, de pessoal e de recursos financeiros. As despesas discricionárias, que incluem os gastos com as atividades de fiscalização, estariam em declínio progressivo desde 2010 e o atual quadro de funcionários do DNPM representaria apenas 62% do ideal.



Reduzido número de servidores
Das 1.200 vagas criadas em 2004, 450 estão ocupadas e não há concursos públicos desde 2009. Dos 600 cargos de especialistas em recursos da mineração, há apenas 256 preenchidos. A pior situação seria justamente na superintendência de Minas Gerais, onde seriam necessários 384 servidores e há apenas 79.



Entre os problemas de fiscalização descritos, está a falta de conferência dos dados das barragens fornecidos pelas mineradoras. As empresas são obrigadas a cadastrar informações no sistema do Relatório Anual de Lavra (RAL). Segundo a auditoria, o DNPM não teria tecnologia e meios suficientes para verificar sistematicamente a veracidade do que foi informado. “Na prática, essa verificação dá-se tão somente durante as vistorias in loco, quando os técnicos do DNPM, por meio de inspeção visual, confrontam os dados constantes do sistema com a realidade de cada barragem”, registra o relatório.



A falta de um planejamento de vistorias também foi considerado grave. Apenas 41% das barragens de mineração foram vistoriadas nos últimos quatro anos em âmbito nacional. Em Minas Gerais, entre 2012 e 2015, ocorreram visitas em 76 das 220 barragens cadastradas, sendo que 34 foram após a tragédia em Bento Rodrigues.



O documento diz, ainda, que 67% das estruturas que eram consideradas de alto risco em solo mineiro não receberam técnicos nesse período. A própria barragem que se rompeu no distrito de Mariana teve sua última vistoria em 2012. “Há real risco de empreendimentos permanecerem longos períodos sem serem fiscalizados”, aponta o TCU. Além disso, segundo a auditoria, as vistorias não possuem padronização mínima.



Dessa forma, o DNPM não teria controle se as informações contidas no RAL estão atualizadas e corretas. O TCU apurou também que o órgão não analisa rotineiramente os documentos recebidos das mineradoras.



“O controle documental feito pelo DNPM não é realizado de forma sistemática e rotineira, constitui-se fundamentalmente de checklist e não analisa informações relevantes constantes de documentos exigidos”, registra a auditoria. Não haveria sequer um controle rígido sobre o cumprimento dos prazos para entrega dos documentos.



Essa situação estaria fragilizando ainda a classificação de risco das barragens, já que o órgão se vale apenas de declarações das próprias mineradoras. Exatamente por isso, a auditoria aponta que o DNPM não tinha conhecimento da situação real da barragem que se rompeu em Bento Rodrigues.



Responsabilização
O relatório sugere que não se individualize responsabilidades, uma vez que “a negligência no trato com os deveres previstos está entranhada na instituição”. No documento, diversas recomendações são feitas ao DNPM para contornar os problemas. O órgão deverá dar ciência ao TCU sobre as providências adotadas em 180 dias. Procurado, o DNPM disse que só vai se manifestar quando receber o documento.



Para o TCU, há risco de novos acidentes envolvendo barragens de rejeitos de mineração caso a fiscalização não seja aprimorada. No entanto, a auditoria reconhece alguns avanços no marco regulatório após o acidente em Mariana. Uma nova portaria do DNPM determinou que a ausência de declarações sobre a estabilidade da barragem e dos protocolos de entrega do plano de ação de emergência deve levar à interdição da estrutura. Como resultado, nos quatro primeiros meses de 2016, foram emitidos 36 autos de interdição apenas em Minas Gerais.

Por Léo Rodrigues, da Agência Brasil, in EcoDebate, 23/09/2016

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Nauru: o fim de um país e um alerta para o mundo.


 artigo de José Eustáquio Diniz Alves


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[EcoDebate] O crescimento demoeconômico do mundo foi realizado à base da queima de combustíveis fósseis.


Quanto mais cresciam a economia e o padrão de consumo, mais aumentavam as emissões de gases de efeito estufa. Desta forma, a temperatura da Terra já subiu mais de 1º C, desde o início da Revolução Industrial e Energética.



Este aumento da temperatura provoca o derretimento do gelo do Ártico, da Groenlândia, da Antártica e dos glaciares, o que provoca a elevação do nível dos oceanos. No século XX o aumento foi de 20 cm. Mas algo pior está para acontecer no século XXI, pois a temperatura pode ultrapassar os 2º C e o nível do mar pode subir entre 1 e 2 metros. No século XXII não é nem bom pensar.



A área costeira de muitos países pode ficar ameaçada pela subida das marés. Muitas praias e construções litorâneas vão desaparecer. Poderá haver uma retirada da população para o interior como nos casos do Brasil, China, Estados Unidos, etc.



Porém, pequenos países insulares podem desaparecer totalmente, como é o caso de Nauru, que é uma ilha da Oceania, com uma área de apenas 21 quilômetros quadrados e uma população de cerca de 13 mil habitantes. No início do século XX a ilha passou a fazer parte do Império alemão, que passou a ser usada como ponto turístico e fornecedora de fosfato. Os depósitos de fosfato da ilha são o resultado do acúmulo dos excrementos de aves, que durante milhares de anos frequentavam a ilha, tornando-a rica em material essencial para a fertilização dos solos.

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A ilha de Nauru foi descoberta pelo navegador inglês capitão John Fearn, em 1798 e foi designada colônia alemã em 1888. Logo após teve início a extração de fosfato. Depois da Primeira Guerra Mundial, Nauru ficou como um protetorado da Liga das Nações e administrada pela Austrália desde 1920. A ilha foi ocupada pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial e depois da Guerra ficou sobre o controle das Nações Unidas.



Nauru obteve a independência em 1968. Em 1970 passou a controlar a exploração do fosfato, mas em 2000 esgotam-se as reservas e a ilha, sem recursos naturais, passa a depender da Austrália.

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Mas o que ameaça a existência de Nauru é o aquecimento global e a elevação do nível do mar. O país pode perder seu litoral em pouco tempo e todo o seu território até o final do século. E Nauru não é um caso isolado. Somente no Pacífico Sul, diversas ilhas estão ameaçadas pelo aquecimento, tais como Samoa, Samoa Americana, Cook Islands, Fiji, Kiribati, Nova Caledônia, Niue, Pitcaim, ilhas Salomão, Tahiti e Polinésia Francesa, Tokelau, Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Wallis e Futuna.



Essas ilhas e países insulares são representados pela AOSIS (Aliança dos Pequenos Estados Insulares) com 44 países-membros e foram elas que pressionaram a COP-21 para colocar o limite de 1,5º C no Acordo de Paris. Contudo, será muito difícil que o aquecimento global não ultrapasse esse limiar em pouco tempo. Mais difícil ainda será evitar o desaparecimento de Nauru e dos 44 membros da AOSIS. Estes países vão pagar um alto preço pelas consequências nefastas das emissões de gases de efeito estufa. São países na lista de extinção.



Mas o drama não para aí. Uma investigação conduzida pelo jornal britânico The Guardian descobriu mais de 2 mil casos de violência no centro de detenção de refugiados e solicitantes de asilo controlado pela Austrália e instalado na ilha de Nauru, no Pacífico. Este centro, informou o jornal, custa 1,2 bilhão de dólares por ano aos contribuintes australianos e é administrado pelas empresas Broadspectrum e Wilson Security. Apelidada de “Nauru Files” (Arquivos Nauru), a investigação apurou casos de abuso sexual e infantil, automutilação e as más condições em que refugiados que tentam chegar à Austrália por barco enfrentam ao serem enviadas para esse centro.



Embora o governo da Austrália negue, existem investigações que mostram em detalhes o trauma e o desespero que vivem muitas pessoas que buscaram proteção e uma vida melhor em um outro país que não será extinto pelo aquecimento global.



Referências:


Government of the Republic of Nauru http://www.naurugov.nr/
Nauru: Um país ilha destruído pela mineração de fosfato
https://edukavita.blogspot.com.br/2015/10/nauru-um-pais-ilha-destruido-pela.html

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 23/09/2016
"Nauru: o fim de um país e um alerta para o mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/09/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/09/23/nauru-o-fim-de-um-pais-e-um-alerta-para-o-mundo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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