sexta-feira, 10 de junho de 2016

Metade dos metais extraídos da Terra está sem uso


Metade dos metais extraídos da Terra está sem uso
O pesquisador reconhece que, na maioria dos casos, a retirada do material não é simples. [Imagem: Universidade de Linkoping]
 
 
Mundo dos desconectados
Você sabia que apenas metade de alguns dos principais metais extraídos das minas de todo o mundo são realmente utilizados?


Isto pode até parecer estranho, mas estranho mesmo é o destino desses metais não utilizados.


A maioria do desperdício está no "mundo dos desconectados", de acordo com Bjorn Wallsten, da Universidade Linkoping, na Suécia.


Wallsten estudou detalhadamente a infraestrutura de duas cidades suecas - Norrkoping (135.000 habitantes) e Linkoping (150.000 habitantes) - e descobriu milhares de quilômetros de fios, cabos e dutos metálicos que estão simplesmente desconectados das suas respectivas redes, sem nenhuma serventia.


São principalmente ferro, cobre e alumínio na forma de trilhos, dutos de gás, cabos elétricos de alta tensão, fiação de baixa tensão e antigas redes telefônicas, entre várias outras possibilidades - todos já sem uso, mas que não são retirados para reciclagem.


Mineração urbana
O pesquisador reconhece que, na maioria dos casos, a retirada do material não é simples, pode interferir com a operação normal da infraestrutura elétrica, de água e de gás e de telecomunicações, e, em alguns casos, é até mesmo difícil apontar a responsabilidade pela "mineração urbana".


Mas ele aponta que, a exemplo da mineração tradicional, onde as minas são instaladas nas reservas de maior concentração de cada metal, é possível começar a reminerar áreas onde há mais metais, como antigas zonas industriais e prédios sem utilização.
Além disso, é desejável sincronizar qualquer manutenção nas redes com a retirada dos metais não utilizados.


Infelizmente, calcula Wallsten, com os atuais baixos preços dos metais, nenhuma dessas opções seria diretamente rentável. Para preservar os recursos minerais primários - aqueles que estão nas minas - ele recomenda que a legislação imponha a obrigatoriedade da recoleta dos metais pelas empresas responsáveis pelas respectivas redes.

Bibliografia:

The Urk World - Hibernating Infrastructures & the Quest for Urban Mining
Bjorn Wallsten
http://liu.diva-portal.org/smash/get/diva2:872787/FULLTEXT02.pdf

Menor termômetro do mundo mede febre de célula


Termômetro de DNA
A equipe pretende usar o nanotermômetro de DNA para verificar se nanomáquinas e nanomotores também superaquecem quando giram rápido demais. [Imagem: Kotkoa.]
Nanotermômetro
Pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, usaram uma molécula de DNA para construir um termômetro programável que é 20.000 vezes menor do que a espessura de um fio de cabelo humano.

Além de permitir a construção de termômetros de nível molecular, capazes de monitorar células individuais, a química do DNA é bem conhecida e facilmente programável.
Assim, a equipe usou várias moléculas para criar estruturas de DNA que se dobram e desdobram em resposta a temperaturas especificamente definidas.


Biotermômetros
Que as moléculas que codificam nossa informação genética podem se desdobrar sob ação do calor é algo que se sabe há mais de meio século. Biomoléculas, como proteínas ou RNA (uma molécula semelhante ao DNA), são usadas pelos seres vivos como nanotermômetros, relatando variações de temperatura que ajudam os organismos a se adaptarem a variações ambientais.


"Inspirados por esses nanotermômetros naturais e adicionando indicadores ópticos a estas estruturas de DNA, nós conseguimos criar termômetros de 5 nanômetros de largura que produzem um sinal facilmente detectável em função da temperatura," explicou o professor Arnaud Desrosiers.


Estes termômetros em nanoescala deverão ajudar a compreender melhor a biologia molecular. "Ainda há muitas perguntas não respondidas na biologia. Por exemplo, sabemos que a temperatura no interior do corpo humano é mantida a 37º C, mas ainda não temos ideia se há uma grande variação de temperatura em nanoescala dentro de cada célula individualmente," acrescentou Alexis Vallée-Bélisle, coautor do trabalho.
Nanomáquinas e bioeletrônica
Uma das questões que a equipe pretende responder com a ajuda dos termômetros de DNA é se nanomáquinas e nanomotores desenvolvidos pela natureza ao longo de milhões de anos de evolução também superaquecem quando funcionam em alta velocidade.
"No futuro próximo, nós também vislumbramos que estes nanotermômetros de DNA poderão ser implementados em dispositivos de base eletrônica, a fim de monitorar a variação local da temperatura em nanoescala," concluiu o prof. Vallée-Bélisle.
Bibliografia:

Programmable Quantitative DNA Nanothermometers
David Gareau, Arnaud Desrosiers, Alexis Vallée-Bélisle
Nano Letters
DOI: 10.1021/acs.nanolett.6b00156

Projeto espalha árvores pelas ruas de Santa Catarina

quinta-feira, 9 de junho de 2016


Apenas neste ano já foram plantadas mais de 300 mudas e até dezembro a expectativa é chegar a mil novas árvores.

Virada do ano é sempre tempo de traçar novas metas, sonhos e objetivos. Foi em uma promessa de ano novo que a jornalista e empresária Cláudia Müller começou um projeto maravilhoso, que tem espalhado árvores nativas pela cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

“A ideia de plantar pelo menos 500 novas árvores por ano eu coloquei como meta desde o dia 01 de janeiro deste ano. Tanta gente promete tanta coisa no ano novo e eu me comprometi com este objetivo”, explicou Claudia, em entrevista ao CicloVivo.

A promessa virou o projeto “Plantando Por Aí”. Apesar de ser pequeno e contar com apenas três integrantes fixos, os resultados já são muito expressivos. Apenas neste ano já foram plantadas mais de 300 mudas e até dezembro a expectativa é chegar a mil novas árvores.

As mudas são produzidas no quintal da empresária e os plantios feito com recursos próprios e realizados com a ajuda de voluntários, principalmente Dona Lúcia, de 57 anos, e Alisson, de apenas doze anos. O trio se reúne uma vez na semana para realizar os plantios e a manutenção das mudas já plantadas.

A empresária explica que, mesmo antes do projeto tomar forma, ela já plantava árvores. O hábito começou há três anos e, sozinha, ela já soma mais de mil árvores no currículo. “Ando pela cidade sempre de olho. Onde acho um lugar ‘disponível’ ou que tenha espaço para uma árvore, volto lá e planto. Calçadas, praças, parques, canteiros. Já plantamos em quatro cidades diferentes”, comentou, acrescentando que todas as espécies são nativa e, de preferência frutíferas, para atrair a biodiversidade local.

Além do plantio, Claudia acrescenta que existe todo um cuidado para garantir que as árvores se desenvolvam adequadamente. “Pelo menos uma vez por mês retornamos para analisar o crescimento das novas árvores, colocar estacas, fazer as amarrações de novos galhos etc.”

Para que o projeto cresça e Balneário Camboriú fique ainda mais arborizada, Claudia espera divulgar mais o trabalho e conquistar novos voluntários. O grupo está aberto e qualquer um que tenha interesse pode participar dos plantios. As informações são divulgadas através da página do projeto no Facebook (clique aqui para acessar).

Fonte: Ciclo Vivo

ONU: Preservar oceanos é fundamental para a manutenção da vida em todo o planeta

quinta-feira, 9 de junho de 2016


Nesta quarta-feira (8), as Nações Unidas celebraram o Dia Mundial dos Oceanos e chamaram atenção para os perigos enfrentados pela vida marinha. Cerca de 20 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos mares, ameaçando animais aquáticos e também humanos que se alimentam de frutos do mar.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou nesta quarta-feira (8) – Dia Mundial dos Oceanos – que a preservação dos mares é fundamental para a manutenção da vida na Terra. O chefe da ONU destacou que os oceanos contribuem para a regulação do clima, além de oferecerem recursos naturais e alimentos para bilhões de pessoas.

“Embora os oceanos pareçam infinitos, sua capacidade de resistir às atividades humanas é limitada, particularmente porque eles também enfrentam as ameaças colocadas pelas mudanças climáticas”, destacou Ban Ki-moon.

Em 2016, as celebrações do Dia Mundial contam com o tema “Oceanos saudáveis, planeta saudável”. Atividades na sede das Nações Unidas em Nova York e em outras partes do mundo vão chamar atenção para os riscos associados ao despejo de cerca 20 milhões toneladas de plástico nos mares por ano.

A poluição provocada por esse tipo material ameaça não apenas os animais aquáticos – que confundem as micropartículas de plástico com alimento –, mas também as pessoas que comem essas espécies e podem acabar ingerindo o poluente.

Ban Ki-moon também destacou a importância da pesquisa científica, que fornece informações importantes sobre os perigos enfrentados pela vida marítima. O secretário-geral lembrou que, em dezembro do ano passado, a Assembleia Geral da ONU recebeu a primeira Avaliação Mundial do Oceano – relatório que foi publicado em janeiro de 2016 contendo um panorama sobre o atual estado dos mares.

‘Oceano é chave para nova Agenda Global’
Também por ocasião do Dia Mundial, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, ressaltou que os oceanos “são parte integral de nosso planeta e um componente absolutamente essencial das vidas humanas, dos meios de subsistência e do meio ambiente que nos sustenta”.

“Da pesca e do turismo ao transporte e à regulação climática, o oceano é chave para implementar a nova Agenda Global”, enfatizou a dirigente, que lembrou que um dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é dedicado à conservação da vida na água.

“Seja no litoral ou no alto-mar longe de todos, a salvaguarda de sítios marinhos ricos em biodiversidade é essencial para se garantir o uso sustentável e de longo prazo de recursos naturais preciosos.”

Bokova lembrou ainda que a UNESCO possui uma Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), responsável por apoiar os Estados-membros na implementação das metas relativas à vida marinha da Agenda 2030. “A COI está comprometida com o incentivo ao desenvolvimento de políticas nacionais que promovam o crescimento sustentável ambientalmente consciente.”


Fonte: EcoDebate

Fraturamento hidráulico (FRACKING) ameaça reservas subterrâneas de água do Brasil

segunda-feira, 6 de junho de 2016


Sem água não há produção de alimentos, trabalho e saúde, não há vida. Fundamental para a sobrevivência de todas as espécies, a preservação das reservas subterrâneas de água é a garantia de que a vida como conhecemos hoje será possível no futuro. E esta proteção não é possível nos locais onde há exploração do gás de xisto pelo método não convencional chamado fraturamento hidráulico, ou FRACKING em inglês.

 
A preocupação só aumenta a partir da divulgação de um trabalho realizado por especialistas da Embrapa Gestão Territorial (SP) para delinear as áreas do Cerrado que abrigam águas subterrâneas naturalmente mais sujeitas à contaminação por agentes químicos. Os lençóis freáticos mais vulneráveis foram localizados no Sudeste, Centro-oeste e Centro-leste de Mato Grosso, Oeste da Bahia, Sudoeste de Goiás e Norte de Mato Grosso do Sul.

 
Além da contaminação pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, essas e outras reservas brasileiras – também as de superfície – podem também ser severamente impactadas pelos químicos utilizados no processo de fraturamento hidráulico utilizado para explorar o gás de xisto, chamado FRACKING. Para fraturar o folhelho pirobetuminoso de xisto e liberar o metano é preciso injetar por um tubo milhões de litros de água sob altíssima pressão, misturada à areia e um coquetel com mais de 600 substância tóxicas, cancerígenas e algumas radioativas. 
 
 
 
Parte deste fluído permanece no subsolo contaminando os aquíferos ao escapar pelas milhares de fissuras. A parte que retorna à superfície pelo tubo é depositada a céu aberto em ‘piscinas’ que evaporam e poluem o ar, quando não são carregadas pelas enchentes para rios, córregos e nascentes.

 
Até outubro a ANP estará fazendo testes para procurar gás e petróleo na região de Ribeirão Claro, cidade do Norte Pioneiro no Estado do Paraná. Ribeirão Claro tem como fronteira natural o Rio Paranapanema, na divisa com Chavantes, no Estado de São Paulo. É uma região panorâmica com montanhas e colinas cobertas de vegetação remanescente da Mata Atlântica e que pode ser devastada pelo Fracking.

 
“Se o governo brasileiro insistir em explorar comercialmente o gás de xisto no Brasil, nossas reservas estarão comprometidas para sempre, uma vez que não há tecnologia para ‘tratar’ essa contaminação”, alerta o fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – e coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org, Eng Dr. Juliano Bueno de Araujo.

 
Juliano explica que operações de FRACKING também utilizam de milhões de litros de água que deveriam ser destinados para consumo humano e produção de alimentos. “A concorrência hídrica é feroz e teremos o agravamento do abastecimento humano”, completa.

 
A campanha Não Fracking Brasil é desenvolvida desde 2013, quando a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) vendeu blocos para exploração de gás de xisto por FRACKING em 15 estados brasileiros. A maioria dos blocos está localizada em cima dos principais aquíferos como o Serra Geral, Guarani, Bauru, Parecis, Parnaíba e Urucuaia.

Mudanças climáticas

A luta contra o FRACKING tem como importante parceira a 350.org Brasil, movimento internacional que denuncia as mudanças climáticas e no país integra e coordena a Coalizão Não Fracking Brasil. A diretora da 350.org Brasil, que também tem atuação na América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira, enfatiza que a campanha contra o fraturamento hidráulico é fundamental para conter as mudanças climáticas. Ao liberar o gás metano da rocha de xisto, 86 vezes mais prejudicial que o CO2, o Fracking se torna um intensificador das alterações do clima e responsável direto pelo aumento da temperatura do planeta.


“O círculo vicioso do Fracking, que além de competir pela água disponível por utilizar imensas quantidades no seu processo, ao emitir metano contribui para as mudanças climáticas, agravando a escassez hídrica e ao mesmo tempo contamina as reservas de água subterrâneas irreparavelmente. O Fracking é o sórdido arqui-inimigo do acesso à água, e não podemos deixá-lo prosperar”, alerta Nicole.

 
Em maio, o movimento global LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS mobilizou dezenas de milhares de pessoas em 13 países em seis continentes, entre eles manifestanres brasileiros que foram às ruas se manifestar contra os fósseis e o Fracking em diversas cidades.

Fonte: EcoDebate

Abrigo em SP tem horta comunitária para moradores de rua

quinta-feira, 9 de junho de 2016


A horta comunitária é 100% orgânica e todos os alimentos são usados nas refeições servidas gratuitamente na Casa.



A agricultura urbana é um enorme aliado para recuperar a autoestima de qualquer pessoa. Na Casa de Convivência Porto Seguro uma horta orgânica tem ajudado e muito os moradores em situação de rua que frequentam o abrigo.


O centro, que está localizado no bairro da Armênia, na capital de São Paulo, oferece espaço para banho, armário para guardar pertences, alimentação, auxílio para a retirada de documentos, aulas de alfabetização, ensino fundamental, médio e oficinas de artesanato. Mas, o maior diferencial do local é a horta, onde os moradores podem trabalhar no cultivo de seus próprios alimentos.

O espaço para o plantio está no próprio terreno do abrigo e é usado para produzir verduras, legumes e ervas. A horta comunitária é 100% orgânica e todos os alimentos são usados nas refeições servidas gratuitamente na Casa.

A prática ajuda a elevar a autoestima e a abrir os horizontes para novas profissões, já que os moradores aprendem na prática e contam com o suporte de profissionais capacitados.


Fonte: Ciclo Vivo

Ambientalistas pedem urgência na ratificação do Acordo de Paris pelo Congresso




 A Frente Parlamentar Ambientalista e organizações não-governamentais como WWF e SOS Mata Atlântica pediram em reunião com líderes da Câmara que o Congresso examine em caráter de urgência a ratificação do Acordo de Paris, que estabelece diretrizes para conter a emissão de gases de efeito estufa.


O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Luiz Lauro (PSB-SP), disse que
a tramitação em caráter de urgência na tramitação vai agilizar o périplo do projeto pelas comissões de Constituição e Justiça, de Relações Exteriores e de Meio Ambiente da Casa. Um requerimento formal com o pedido de urgência foi apresentado à mesa diretora.


Para Lauro, a matéria deve ser aprovada em breve, apesar dos esforços da oposição em travar a pauta por causa do momento político. “Hoje há um consenso das diferentes forças que compõem o Congresso Nacional, especialmente a Câmara, no sentido da importância e da urgência desse assunto”.


O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que o governo tem pressa em ratificar o acordo para servir de exemplo a outros países e solidificar o papel de liderança do Brasil nas negociações sobre mudanças climáticas. “O Brasil, que tem um papel de liderança e protagonismo nessa área, precisa servir de exemplo para que outros países também ratifiquem”.


Aprovado durante a 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP21), em dezembro de 2015, o Acordo de Paris visa combater os efeitos das mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O documento, no entanto, só passa a vigorar 30 dias após a ratificação por pelo menos 55 países.


Durante lançamento da campanha Ratifica Já, na manhã de ontem (8), o ex-deputado Alfredo Sirkis, presidente do Centro Brasil no Clima, disse que a pressa é para que o tratado entre em vigor antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcadas para novembro, cujo resultado pode vir a dificultar o ritmo de ratificações.


Compromissos voluntários
Entidades de defesa do meio ambiente destacam, no entanto, que não adianta apenas ratificar o acordo sem que as metas voluntárias apresentadas pelo Brasil para conter a emissão de gases do efeito estufa não sejam transformadas em lei.


“O Acordo de Paris é um conjunto de diretrizes gerais. Os nossos compromissos, as nossas metas brasileiras não estão no acordo. As duas coisas têm que ser feitas rapidamente”, disse o superintendente de Políticas Públicas da WWF, Henrique Lian, à Agência Brasil.

A meta voluntária do Brasil, apresentada à ONU em agosto do ano passado, é de reduzir suas emissões em 43% até 2030.

Fonte: EcoDebate

Estimativa de áreas queimadas no Brasil ganha maior precisão

sexta-feira, 10 de junho de 2016


A estimativa de áreas de vegetação natural no Brasil afetadas por queimadas passou a ser mais precisa.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveram um algoritmo automatizado – sequências de comandos passadas a um computador a fim de realizar uma tarefa – para detectar mensalmente áreas queimadas no país com base em dados de sensoriamento remoto obtidos pelo sensor orbital Modis (sigla de Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), da Nasa, agência espacial norte-americana.


Resultado de uma pesquisa de pós-doutorado realizada com Bolsa da FAPESP, o algoritmo está implementado e usado pelo Grupo de Monitoramento de Queimadas e Incêndios do Inpe para gerar estimativas nacionais de áreas queimadas com periodicidade mensal e retroativamente, de 2005 até agora.


“Conseguimos por meio desse novo algoritmo melhorar as estimativas e gerar mapas de áreas de vegetação queimadas no Brasil com uma qualidade superior à que existia”, disse Renata Libonati, que desenvolveu o algoritmo durante seu pós-doutorado no Inpe, à Agência FAPESP.


A pesquisa de pós-doutorado foi supervisionada por Alberto Setzer, coordenador do Grupo de Monitoramento de Queimadas e Incêndios do Inpe.

De acordo com Libonati, que atualmente é professora do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), até então o mapeamento de áreas queimadas no Brasil era feito com base em algoritmos desenvolvidos pela Nasa que fazem o sensoriamento remoto em escala global.


Apesar da vantagem de permitir observar a evolução das queimadas em todo o planeta, o sensoriamento remoto em escala global apresenta problemas e limitações para ser usado regionalmente, ponderou a pesquisadora.


“Como o sensoriamento remoto global é feito de forma generalizada, para vários biomas, não são levadas em conta as características regionais, como o tipo de vegetação, solo e clima”, explicou. “E vários estudos demonstraram que há grandes divergências na quantificação de queimadas por esses sistemas de sensoriamento remoto em escala global, tanto em termos de extensão anual como de localização das áreas queimadas”, apontou.


A fim de superar essas limitações dos sistemas de sensoriamento remoto em escala global, a pesquisadora desenvolveu um algoritmo regional, batizado de AQM, com resolução espacial de 1 quilômetro quadrado (km2).


O algoritmo baseia-se em um índice de vegetação sensível à queimada, obtido a partir de valores diários da proporção entre o fluxo de radiação eletromagnética incidente numa superfície e o fluxo que é refletido (reflectância), fornecidos pelo sensor orbital Modis nos intervalos espectrais do infravermelho próximo e médio, além de dados de diversos sensores de detecção de incêndio.


Para validar o algoritmo, os pesquisadores realizaram um estudo, publicado na revista Remote Sensing, em que avaliaram sua capacidade de detectar e quantificar áreas queimadas no Jalapão, no Tocantins, situado no Cerrado brasileiro, usando como referência mapas derivados de imagens obtidas pelo sistema orbital Landsat.


Os resultados foram comparados com os dos algoritmos usados pela Nasa para quantificar áreas queimadas em escala global.


As comparações indicaram que o algoritmo regional conseguiu estimar as áreas queimadas na região com muito maior precisão que os algoritmos usados pela Nasa.


“Os algoritmos usados pela Nasa apresentam muitos erros de omissão da localização e extensão de áreas queimadas. Por meio do algoritmo que desenvolvemos conseguimos diminuir esses erros e aumentar a detecção das áreas queimadas”, comparou Libonati.


Os pesquisadores também desenvolveram por meio do algoritmo um banco de dados mensais de queimadas para todo o território brasileiro que cobre o período de 2005 a 2014.
A ideia, contudo, é melhorar cada vez mais as estimativas de áreas queimadas para o país, utilizando sensores orbitais mais refinados, como o VIIRS (sigla de Visible Infrared Imaging Radiometer Suite), embarcado no satélite S-NPP (sigla de Suomi National Polar-orbiting Partnership), da Nasa, que entrou em operação em outubro de 2011 e começou a fazer aquisições de imagens sobre a Terra.


“Embora os resultados do algoritmo desenvolvido para o sensor MODIS sejam satisfatórios, ainda é necessário aperfeiçoar o método por meio de novas validações em outros biomas. Além disso, já está sendo desenvolvida a adaptação deste algoritmo para o novo sensor VIIRS, que possui informação mais refinada, de 375 metros”, afirmou Libonati.


Censo de queimadas
Os pesquisadores pretendem aperfeiçoar o algoritmo para obter dados de queimadas de todos os biomas brasileiros.


De acordo com Libonati, essas informações serão úteis não só para avaliar os efeitos ambientais e melhorar as incertezas no cálculo de emissão e dispersão de poluentes gerados pela queima de vegetação, como também para analisar os impactos da emissão de queimadas nos cenários futuros de mudanças climáticas.


“As queimadas estão associadas com a degradação dos ecossistemas, doenças respiratórias entre as comunidades locais e, ao mesmo tempo, contribuem para emissão de gases de efeito estufa, aerossóis e gases traço. Qualquer tentativa de caracterizar e mitigar o impacto climático das queimadas pressupõe uma base de dados confiável contendo informações sobre a localização e extensão das áreas de vegetação afetadas pelo fogo”, avaliou.


A conversão da vegetação natural em áreas de pastagem ou para plantio de culturas agrícolas por meio do uso de fogo é considerada a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa, além de aerossóis (material particulado) e gases traço – como o gás carbônico e o metano – no Brasil, indicam especialistas na área.


E as mudanças climáticas associadas a alterações no uso da terra têm o potencial de aumentar dramaticamente a incidência, extensão e gravidade das queimadas.


Essas preocupações apontam para a necessidade de informações confiáveis sobre queimadas para tomadores de decisão, cientistas e gestores de recursos, apontam os pesquisadores.


“Espera-se que os resultados obtidos com o algoritmo sejam aplicados, por exemplo, na quantificação brasileira das metas REDD [sigla, em inglês, de Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation, que designa um conjunto de incentivos econômicos voltados a reduzir as emissões de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e da degradação ambiental], de modo a atender demandas do governo brasileiro”, disse Libonati.


O artigo “An algorithm for burned area detection in the brazilian Cerrado using 4 µm MODIS imagery” (doi: 10.3390/rs71115782), de Libonati e outros, pode ser lido na revista Remote Sensing em www.mdpi.com/2072-4292/7/11/15782/htm. 

Fonte: Fapesp

Valor movimentado por crimes ambientais sobe 26% em 2015, para até US$258 bi, diz PNUMA


Publicado em junho 10, 2016 por



Os crimes ambientais movimentaram uma estimativa de 92 bilhões a 258 bilhões de dólares em 2015, alta de 26% em relação à estimativa de 70 bilhões a 213 bilhões de dólares de 2014, de acordo com relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Interpol.
Populações de elefantes africanos continuam a enfrentar uma ameaça imediata para a sua sobrevivência por causa da intensa caça pelo seu marfim, especialmente na África Central e Ocidental, onde a situação parece ter se deteriorado. Foto: CITES

Os crimes ambientais movimentaram uma estimativa de 92 bilhões a 258 bilhões de dólares em 2015, alta de 26% em relação à estimativa de 70 bilhões a 213 bilhões de dólares de 2014, de acordo com relatório publicado no sábado (4) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Interpol.


O relatório “Aumento dos Crimes Ambientais”, lançado na ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, concluiu que legislações fracas e forças de segurança subfinanciadas estão permitindo que redes criminosas internacionais e rebeldes armados lucrem com um comércio que impulsiona conflitos, devasta ecossistemas e ameaça espécies de extinção.


“A Interpol e o PNUMA uniram forças para levantar a atenção do mundo para a escala dos crimes ambientais. Os vastos montantes de dinheiro gerados nesses crimes mantêm sofisticadas gangues criminosas internacionais no negócio, e impulsionam a insegurança no mundo”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.


“O resultado não é apenas devastador para o meio ambiente e comunidades locais, como para todos aqueles que são ameaçados por empreitadas criminosas. O mundo precisa se unir agora para tomar iniciativas nacionais e internacionais para acabar com o crime ambiental.”


O crime ambiental supera o comércio ilegal de armas de pequeno porte, avaliado em cerca de 3 bilhões de dólares. É o quarto maior negócio criminoso do mundo, depois de tráfico de drogas, falsificação e tráfico de seres humanos. A quantidade de dinheiro perdido devido a crimes contra o meio ambiente é 10 mil vezes maior que a quantidade de dinheiro gasto por agências internacionais na luta contra esse crime — apenas de 20 milhões a 30 milhões de dólares.


O secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, disse que o “crime ambiental está crescendo em um ritmo alarmante”. “A complexidade desse tipo de criminalidade requer uma resposta multissetorial com colaboração entre as fronteiras. Por meio de suas capacidades de policiamento global, a Interpol está comprometida em trabalhar com seus países-membros para combater as redes ativas de crime ambiental organizado”.


O relatório recomenda fortes ações, legislação e sanções nos níveis nacionais e internacionais, incluindo medidas com o objetivo de combater paraísos fiscais; um aumento do apoio financeiro compatível com a séria ameaça que o crime ambiental representa para o desenvolvimento sustentável; e incentivos econômicos e meios de subsistência alternativos para aqueles que se encontram na parte inferior da cadeia do crime ambiental.


Na última década, o crime ambiental subiu cerca de 5% a 7% por ano. Isso significa que esse crime — que inclui comércio ilegal de espécies, crimes corporativos no setor florestal, exploração e venda ilegal de ouro e outros minérios, pesca ilegal, tráfico de lixo tóxico e fraude no crédito de carbono — está crescendo de duas a três vezes mais rápido que a economia global.


Para combater o comércio ilegal de espécies, o Sistema da ONU e parceiros lançaram a campanha “Wild For Live”, que recebeu apoio de celebridades como Gisele Bündchen, Yaya Touré e Neymar Jr. para mobilizar milhões a agir contra a caça ilegal e o tráfico ilegal de produtos silvestres.


O relatório do PNUMA também analisou a forma como o dinheiro gerado a partir da exploração ilegal de recursos naturais financia grupos rebeldes, redes terroristas e cartéis criminosos internacionais. Na última década, por exemplo, caçadores mataram uma média de 3 mil elefantes por ano na Tanzânia, o equivalente a 10,5 milhões de dólares em marfim por ano, cinco vezes mais que todo o orçamento da divisão de vida selvagem do país.


O relatório afirmou ainda que organizações criminosas transnacionais estão usando o crime ambiental para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Mineração ilegal na Colômbia, por exemplo, é agora considerada um dos jeitos mais fáceis de lavar dinheiro do tráfico de drogas.


Veja aqui o relatório completo (em inglês).


Da ONU Brasil, in EcoDebate, 09/06/2016

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

América Latina: o patinho feio da economia internacional, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


Publicado em junho 10, 2016 por



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[EcoDebate] O título desse artigo é provocativo, mas não tem a intenção de ser especista (discriminar espécies). Trata-se de uma referência à fábula do patinho feio que se transforma em um lindo cisne. Será que o destino da América Latina e Caribe é superar uma feia situação econômica para construir um lindo futuro de progresso, bem-estar social e proteção ambiental?


Há cerca de 200 anos, a América Latina aproveitou a confusão existente na Europa por conta das Guerras Napoleônicas e iniciou o processo de construção de países autônomos e soberanos. Inspirados na Independência dos Estados Unidos da América (EUA), os países ao sul do rio Grande, nas primeiras décadas do século XIX, ampliaram o processo de descolonização do continente americano.


O primeiro país a fazer a independência foi o Haiti. Depois vieram México, Venezuela, etc. O Brasil foi o último (dos grandes) a fazer a independência, o último a acabar com a escravidão e o único a implantar uma monarquia, de sangue e pensamento lusitano.


Entre 1820 e 1870, segundo dados de Angus Maddison, o PIB da ALC cresceu 1,2% ao ano e o PIB do mundo cresceu 0,9% ao ano. Uma diferença relativamente pequena. Entre 1870 e 1950, a diferença aumentou, pois, respectivamente, o crescimento foi de 3,5% ao ano contra 2% ao ano. Entre 1950 e 1980, o crescimento econômico acelerou geral, com a ALC crescendo 5,3% ao ano e o mundo crescendo 4,5% ao ano. Ou seja, durante 160 anos, devido ao alto crescimento populacional e econômico, a América Latina e Caribe ganhou participação relativa no PIB mundial.


Contudo, a situação se inverteu depois de 1980 e a América Latina começou a perder participação relativa no PIB mundial, conforme mostra o gráfico acima. A América Latina e Caribe (ALC) representava 12,1% do PIB mundial em 1980 e deve ficar com 7,5% em 2021. O Oriente Médio e Norte da África (MENA) tinha 8,1%, passando para 6,7%, no mesmo período. A África Subsaariana deve crescer de 2,4% em 1980 para 3,2% em 2021, embora tenha o menor peso, a despeito de ter uma população de mais de 1 bilhão de habitantes. O grande destaque é a Ásia emergente (inclui Índia e China) que tinha 9% do PIB mundial em 1980 e deve chegar a 36% em 2021. Portanto, a ALC apresenta desempenho econômico pior do que outras regiões em desenvolvimento.


Em 2016, a América Latina e Caribe vai apresentar variação negativa no PIB, bem diferente do resto do mundo e outras regiões. Segundo dados do FMI, o PIB global deve crescer 3,2% em 2016, com a Ásia emergente apresentando o maior crescimento (6,4%) e o conjunto das economias em desenvolvimento atingindo 4,1%. Os 5 países da ASEAN devem crescer 4,8%, a África Subsaariana 3% e o países do Oriente Médio e Norte da África (MENA) 2,9%. Mesmo as economias avançadas e ricas devem crescer 1,9% e os países na União Europeia com 1,8% em 2016. A única região que deve apresentar recessão é a ALC que deve decrescer em 0,47% em 2016.

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Como visto, a América Latina e Caribe apresentou crescimento demoeconômico acima da economia global entre 1820 e 1980. Durante 160 anos a ALC ganhava espaço e presença no PIB internacional. Mas os anos de 1980 marcaram uma década perdida e os anos de 1990 marcaram uma década de baixo crescimento.



Já a primeira década do século XXI esboçou uma certa reação e a ALC ganhou espaço no PIB mundial durante o superciclo das commodities. Parecia que a região iria deixar de ser o “patinho feio” e iria se tornar o “cisne” da comunidade internacional. Porém, a segunda década do século XXI votou a decepcionar. O sonho de erradicar a pobreza e avançar com o bem-estar humano e ambiental foi adiado e existe dúvida se, algum dia, será efetivamente realizado.

É nesse quadro de regressão econômica que há também retrocessos políticos e crise no campo progressista, como bem mostrou Andrea Rizzi (12/05/2016) no jornal El País (edição brasileira):

“Um após outro, os ícones das esquerdas latino-americanas caem como peças de um dominó que avança de forma inexorável. Deve-se falar em esquerdas, no plural, pois os projetos políticos encarnados pelo chavismo, pelo kirchnerismo, pelo PT brasileiro ou por Evo Morales são diferentes entre si. Mas é de uma evidência cristalina o fato de que grande parte das formações soi-disant progressistas do subcontinente, que dominaram o cenário durante uma longa década, já escutam soar suas badaladas fúnebres”.

A ideia positivista de progresso – tão cara à história da América Latina – tem sido colocada em questão desde a década perdida dos anos 1980. Os dois últimos anos tem sido de regressão econômica e social. Sucessivas décadas perdidas podem inviabilizar o sonho de uma região próspera e feliz.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 10/06/2016
"América Latina: o patinho feio da economia internacional, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/06/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/06/10/america-latina-o-patinho-feio-da-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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