quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Globo – Brasil comprará mais energia de Argentina e Uruguai

Objetivo é preservar água armazenada nos reservatórios, por causa do período de pouca chuva

-BRASÍLIA- - O governo decidiu ontem aumentar o volume de importação de energia elétrica da Argentina e Uruguai. O objetivo é preservar a água armazenada nos reservatórios usados para gerar eletricidade no Brasil. A meteorologia prevê chuvas abaixo da média histórica, nos próximos meses, nas bacias hidrográficas que abastecem as barragens das principais hidrelétricas do país. A falta de chuvas pode levar ao acionamento das térmicas, o que se refletiria na tarifa de energia elétrica.


Apesar da importação, o governo informou que “não há risco de desabastecimento de energia no país”. O Brasil já está importando energia do Uruguai. Em agosto, foram comprados, em média, 253 megawatts (MW) por dia do país vizinho, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este mês, em alguns dias, a importação chegou a 548MW. O Brasil ainda não está importando da Argentina, mas isso ocorrerá.


O aumento na importação será feito “na medida em que for possível”, segundo o Ministério de Minas e Energia. Por isso, não foi informado o montante a ser comprado, o que dependerá da necessidade verificada pelo ONS. O contrato com o Uruguai prevê a compra de energia a curto prazo: o Brasil importa dependendo dos preços cobrados pelo país vizinho e da necessidade de consumo nacional.


No caso da Argentina, a transação não envolve dinheiro e é feita com um sistema de créditos e débitos de energia. Ou seja, quando o Brasil importa eletricidade, fica um “saldo devedor”, que depois é compensado com o envio de energia para o país vizinho.


A decisão de aumentar a importação evita, por exemplo, que seja necessário acionar mais usinas térmicas, que são mais caras e poluentes. Por isso, ficou decidido não aumentar o uso dessas usinas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia que a medida pode reduzir as chances de aumento na cobrança extra na conta de luz por meio da bandeira tarifária nos próximos meses.


NORDESTE EM SITUAÇÃO CRÍTICA O acionamento das térmicas é um dos fatores usados para definir a bandeira. Este mês está em vigor a bandeira tarifária amarela, que implica a cobrança extra de R$ 2 para cada 100 quilowatts (kWh) hora de energia consumidos. Com a falta de chuvas, porém, existe a chance de que a bandeira volte a ser vermelha.


A decisão de importar energia foi tomada para preservar os reservatórios das hidrelétricas. Dados do ONS apontam um baixo nível dos reservatórios no país. Na Região Sul, está atualmente em 43%. No Norte, em 42%. No sistema Sudeste/ Centro-Oeste, o nível de armazenamento é de 28%.


A situação mais crítica é no Nordeste, onde os reservatórios operam apenas com 10,51% da capacidade. Os casos mais graves são dos reservatórios do Rio São Francisco. A barragem de Sobradinho, maior reservatório artificial do planeta, está com apenas 6,15% da capacidade de armazenamento, enquanto a de Três Marias está com 15,39%.


O governo também decidiu não usar térmicas mais caras e vai procurar usinas mais baratas, que estão atualmente indisponíveis.

O Estado de S. Paulo – Após críticas, Temer vê redução no desmatamento

Suposta queda teria ocorrido depois de um aumento de 27% na área de florestas devastadas entre agosto de 2015 e julho de 2016

Cláudia Trevisan ENVIADA ESPECIAL / NOVA YORK Giovana Girardi

O presidente Michel Temer usou dados de uma organização desacreditada pelo governo federal no passado para sustentar em seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que o desmatamento na Amazônia caiu 20% nos 12 meses encerrados em julho. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a estatística é de levantamento preliminar da ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).


O Ministério do Meio Ambiente disse ao Estado que a estatística oficial relativa ao período de agosto de 2016 e julho de 2017 só será divulgada em outubro. Os dados do Imazon indicam que houve redução de 21% do desmatamento nesse período. Mas eles também revelam que o resultado de julho foi semelhante ao registrado em igual mês do ano passado, o que pode indicar tendência de estabilidade ou de aumento do desmatamento.


Além disso, a eventual redução teria ocorrido depois de um aumento de 27% na área de florestas devastadas entre agosto de 2015 e julho de 2016. O gover- no federal rejeitou os dados do Imazon nos momentos em que eles demonstraram expansão do desmatamento.


Ambientalistas criticaram o discurso. André Ferretti, gerente na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, coordenador-geral do Observatório do Clima, lembrou as ameaças de redução de áreas protegidas na Amazônia. “Essas ações, que atendem ao interesse de uma minoria que detém poder no Congresso, põem em risco justamente o que se diz ser a maior riqueza do Brasil – o agronegócio. São exatamente os produtores rurais que necessitam dos serviços prestados por áreas naturais preservadas.”


No plano internacional, o presidente defendeu o desarmamento nuclear, manifestou-se contra o nacionalismo exacerbado e o protecionismo e pro- moveu a acolhida de imigrantes e refugiados. Também reafirmou o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris sobre mudança do clima.


Temer observou que o momento atual de “incerteza e instabilidade” exige mais diplomacia, negociação, multilateralismo e diálogo. “Certamente necessitamos de mais ONU – e de uma ONU que tenha cada vez mais legitimidade e eficácia”, afirmou o presidente, que reiterou o pleito antigo do Brasil de reforma do Conselho de Segurança.


Em seu discurso, Temer não fez referência à corrupção ou à instabilidade política do Brasil. Ele mencionou o processo de reformas e de recuperação da economia. À noite, o que seria uma entrevista coletiva de Temer se transformou em uma declaração de 1 minuto. Ele ignorou perguntas sobre a Lava Jato e a queda de sua popularidade para 3%.


Temer falou sobre encontro que teve com investidores americanos, nos quais exaltou reformas aprovadas por seu governo e as que ainda estão sob análise do Congresso, como a tributária e previdenciária. Ele virou as costas no momento em que um repórter perguntava se a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, deve reavaliar a denúncia contra ele apresentada por Rodrigo Janot.

TERREMOTO NO MÉXICO Folha de S. Paulo – Novo terremoto atinge o México e deixa pelo menos 217 mortos

Folha de S. Paulo – Novo terremoto atinge o México e deixa pelo menos 217 mortos


DIEGO ZERBATO
DE SÃO PAULO
ANA PAULA TOVAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA CIDADE DO MÉXICO


Pelo menos 217 pessoas morreram após um terremoto de magnitude 7,1 atingir a Cidade do México e mais cinco Estados na tarde desta terça-feira (19), doze dias após o país passar por um tremor que deixou 98 mortos.

A nova tragédia coincide com o dia em que se completam 32 anos do sismo de 1985, que deixou 10 mil mortos. A região mais atingida é a mais populosa do México, com 41,2 milhões de pessoas, ou 34% dos habitantes do país.


Segundo o Serviço Sismológico Nacional, o terremoto ocorreu às 13h14 locais (15h14 em Brasília) e seu epicentro foi no continente, a 12 km de Axochiapan, no Estado de Morelos, a 120 km da capital, a 57 km de profundidade.

Pelo menos 86 delas perderam a vida na Cidade do México, onde o chefe de governo, Miguel Ángel Mancera, decretou estado de emergência. O diretor de Proteção Civil do governo, Luis Felipe Puente, chegou a dizer no Twitter que o número de mortos havia chegado a 248, mas voltou atrás uma hora depois, dizendo que 217 morreram.
As regiões mais afetadas foram o centro —concentra os prédios históricos— e a zona sul, que abarca tantos bairros afluentes quanto mais pobres. A Defesa Civil pediu que os moradores contribuam para os resgates com ferramentas, remédios, comida e água e que doem sangue.

Pelo menos 50 prédios foram abaixo, incluindo uma escola de Villa Coapa, no extremo sul da cidade, em que 26 crianças e quatro adultos morreram. Outras 38 pessoas estão desaparecidas.

Em alguns deles, equipes da Defesa Civil, bombeiros e voluntários buscavam possíveis pessoas presas. A imprensa mexicana informava que alguns dos soterrados pediam ajuda pelo celular.

Apesar da intensidade do tremor, o transporte público foi afetado levemente. Às 17h, apenas duas das 195 estações das 12 linhas estavam fechadas e as autoridades liberaram as catracas de acesso aos trens, aos ônibus e ao BRT.

O tremor também derrubou pontes, viadutos e passarelas e abriu uma fenda no acesso ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Benito Juárez, que já havia sido danificado no terremoto de magnitude 8,1 no último dia 7.

O terminal aéreo foi fechado por quatro horas para avaliações e voltou ao normal a partir das 22h (0h em Brasília). Ao menos 180 voos foram afetados, entre cancelados e atrasados -nenhum voo para o Brasil está na lista.

Outras 55 pessoas morreram no Estado de Morelos, ao sul da capital e onde fica o epicentro. O governador local, Graco Ramírez, diz que 22 dos 33 municípios foram afetados e que milhares de construções foram abaixo.

O tremor ainda provocou a morte de 39 pessoas em Puebla, Estado vizinho ao ponto onde ocorreu o terremoto, 12 no Estado do México, três no Estado de Guerrero e uma em Oaxaca.

As aulas foram suspensas em 11 das 32 unidades federativas mexicanas, incluindo as sete mais afetadas pelo tremor.

Alguns pontos turísticos da região foram afetados. Na capital, o Estádio Azteca, onde a seleção brasileira foi campeã do mundo em 1970 e a argentina em 1986, sofreu uma rachadura em parte do teto.

O governador do Estado de Puebla, Rafael Valle, disse que foram destruídas partes das igrejas históricas da cidade homônima e das vizinhas Cholula e Atlixco foram destruídas. A região é conhecida por abrigar templos do século 18 de estilos como os barrocos clássico e indígena.

As autoridades abriram mais de cem albergues e centros e arrecadação na região afetada, o maior deles no Zócalo, a principal praça da Cidade do México, em frente à sede do Executivo mexicano.

No momento do tremor, o presidente Enrique Peña Nieto viajava a Oaxaca, Estado mais afetado pelo abalo do dia 7. Em entrevista, ele disse que enviará à região central as equipes que atuavam há 12 dias no Estado e em Chiapas.

"Ativamos todas as áreas da administração e trazendo de volta funcionários que estavam em Oaxaca e Chiapas. Não estamos retirando a assistência a eles, mas agora a região central vive uma situação de emergência."

Horas depois, ele visitou a escola em Villa Coapa e fez um novo pronunciamento. "Esta é uma dura e dolorosa prova ao país."

Em nota, o governo brasileiro prestou condolências e informou que, até então, não havia registro de brasileiros entre os mortos.

Residentes no México que precisem de auxílio podem entrar em contato pelos telefones de emergência do consulado-geral do Brasil no México: 0 44 55 3455-3991 (da Cidade do México), 01 55 3455-3991 (do interior do México) ou (00xx) 52 1 55 3455-3991 (a partir do Brasil). O Núcleo de Assistência a Brasileiros do Itamaraty, em Brasília, poderá ser acionado pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br e também pelos telefones +55 61 2030 8803/8804 (das 8h às 20h) e + 55 61-98197-2284 (Plantão Consular, das 20h às 8h).


DESESPERO
A segunda maior cidade da América Latina, atrás de São Paulo, ficou paralisada nas horas seguintes ao tremor. Os escritórios e restaurantes fechados, mais de 3,8 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica e os telefones funcionam com dificuldade.
Francisco Tostado, 36, estava na casa de uma amiga bairro nobre de Condesa, um dos mais afetados, no momento do tremor. "A porta não abria e começamos a gritar, até que um vizinho conseguiu abrir", disse.

Apesar da tragédia, algumas tradições da Cidade do México se mantiveram. Os moradores aliviam a fome nas barraquinhas de comida e compravam água de ambulantes e de algumas mercearias que estavam abertas.

A quantidade de pessoas no meio da rua prejudicou ainda mais o já caótico trânsito da cidade. O ruído das ambulâncias, carros de bombeiros e dos cachorros latindo era muito intenso.

Havia também relatos de saques e roubos na capital e em outros Estados afetados. A polícia informou que os criminosos serão presos, apesar da destruição da tragédia.

Folha de S. Paulo – Macron convida Marina Silva para debater ‘pacto mundial pelo meio ambiente’ na ONU / Coluna / Painel

O presidente da França, Emmanuel Macron, convidou a ex-senadora Marina Silva para participar de um debate em Nova York, nesta terça-feira (19), durante a 72ª sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). A pauta do encontro é a elaboração de um pacto mundial para o meio ambiente.

Marina embarcou nesta manhã para os Estados Unidos.

Macron fará um contraponto à agenda do presidente dos EUA, Donald Trump, defendendo o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas.

Na abertura da Assembleia nesta terça (19), o presidente Michel Temer afirmou que o Brasil reduziu mais de 20% do desmatamento na Amazônia. Temer foi duramente criticado ao extinguir, recentemente, a Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados), no Amapá. O presidente, no entanto, suspendeu o decreto por 120 dias no final de agosto após a forte reação negativa.

Folha de S. Paulo – Em discurso na ONU, Temer fala sobre Amazônia, energia e migração

Folha de S. Paulo – Em discurso na ONU, Temer fala sobre Amazônia, energia e migração


por CLARA BECKER

Começou na terça-feira (19) a 72ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e, seguindo a tradição, o presidente do Brasil foi o primeiro chefe de Estado a discursar. Checamos algumas das afirmações ditas por ele na abertura do evento.

“Os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região [a Amazônia Legal]”


AINDA-E-CEDODesde 1988, o Prodes, projeto vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), municia o governo brasileiro com dados sobre o desmatamento da Amazônia Legal. É com base nele que são estabelecidas as políticas públicas sobre o assunto. O Prodes monitora a área desmatada na Amazônia Legal com o apoio de imagens de satélite e produz relatórios frequentes. Os dados referentes a 2017 ainda não foram publicados.


Com base nas últimas informações, no entanto, constata-se que, entre 2015 e 2016, houve um aumento de 27% no desmatamento dessa região. No ano passado, a Amazônia Legal perdeu 7.893 km2 de área verde contra 6.207 km2 no ano anterior.


Ainda vale destacar que, enquanto não são divulgadas as informações oficiais do Prodes relativas ao ano de 2017, ONGs e Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) publicam pesquisas sobre o assunto. O Imazon, que é um instituto de pesquisa do Pará, por exemplo, apontou uma queda de 21% no desmatamento entre julho de 2016 e agosto de 2017.
Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, disse à Lupa que presidentes e ministros do meio ambiente do Brasil costumam usar os dados oficiais do Inpe (Prodes) para as suas posições e falas internacionais e que os sistemas de satélite utilizados pelos institutos têm resoluções distintas, e, por isso, registram áreas diferentes.


Em nota, a Presidência reconhece que Temer usou um “dado extraoficial” na ONU, o do Imazon.
“A energia limpa e renovável no Brasil representa mais de 40% da nossa matriz energética: três vezes a média mundial”


VERDADEIROO Balanço Energético Nacional 2017, que é feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, com base em dados do ano anterior, aponta que a participação de energias renováveis na matriz energética brasileira realmente está entre as mais elevadas do mundo.


Em 2016, elas representavam 43,5% do total, acima dos 41,3% registrados em 2015 e dos 39,4% de 2014. De acordo com o mesmo documento, a média mundial em 2014 – último ano disponível para consulta – era de 13,5%. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 9,4%.
“Acabamos de modernizar também nossa lei de migração, pautados pelo princípio da acolhida humanitária”


VERDADEIRO-MASNo dia 25 de maio deste ano, o presidente Michel Temer sancionou a Lei de Migração, que substituiu o Estatuto do Estrangeiro, criado durante a ditadura militar e com foto na segurança nacional. Mas o presidente vetou 18 pontos do texto. Entre eles, a possibilidade de um estrangeiro não residente exercer cargo, emprego ou função pública no Brasil. No veto, Temer afirmou que isso seria uma “afronta à Constituição e ao interesse nacional”.


*Com a colaboração de Nathalia Afonso, sob a supervisão de Cristina Tardáguila.